House of Lords – “Precious Metal”
Lançado em 23 de fevereiro de 2014
Frontiers Records – IMP. – 50min
Não é surpresa para mais ninguém um novo álbum do House of Lords a cada dois ou três anos. Apesar das mazelas volta e meia enfrentadas por algum integrante, o grupo vem mantendo a regularidade em relação aos lançamentos. Mas é justamente aí que mora o problema.
Na bola — ou bolacha — da vez, “Precious Metal”, a exemplo de bandas como Grave Digger, Hammerfall e muitas outras, o House of Lords se rende novamente a uma espécie de autoplágio, oferecendo músicas que não incorporam nada de novo ou marcante na receita ainda funcional, que até empolga na primeira audição, mas não gruda na mente a longo prazo.
A formação está acima de qualquer suspeita: James Christian ainda é um vocalista acima da média e Jimi Bell é um guitar hero por excelência. Em se tratando de qualidade técnica, não tem discussão: a dupla é imbatível. A produção é detalhista e esmiúça os mínimos detalhes, como se cada música tivesse sido cuidadosa e demoradamente lapidada – aliás, esta parece ser uma prática comum nos discos de AOR e afins chancelados pela italiana Frontiers Records.
A abertura com “Battle” já denuncia algo que venho observando há tempos: uma aproximação com o metal de qualidade europeia. A afinação baixa para assegurar aquele pegadão violento, a sobreposição de instrumentos como se fossem andares de um sanduíche a metro e o teclado sempre lá, estourando agudo nos alto-falantes. Em abundância também as harmonias vocais e os solos virtuosos com timbre arredondado que a gente ouve desde “World Upside Down” (2006).
“I’m Breaking Free” aponta diretamente para os velhos tempos, com um refrão que é pura farofa oitentista. Na bateria, BJ Zampa assegura o backbeat com um timing que permite girar a baqueta –bem... eu pelo menos consigo visualizar isso! “Live Every Day (Like It’s the Last)” se arrasta carregando uma mensagem positiva na letra, enquanto “Permission to Die” põe o pé direito fora da zona de conforto com um leve quê de versatilidade.
A faixa-título começa como muitas outras já registradas pelo grupo, na base do violão, com vocal crescendo à medida que a emoção floresce na interpretação de Christian. Já em “Raw” quem brilha é Bell, voando baixo nas seis cordas. “Action” é o que se pode chamar de música das antigas com abordagem moderna e divide o caneco com a já citada “I’m Breaking Free”. O restante poderia ser classificado como mais do mesmo.
Entusiastas do melodic rock, obviamente, darão a este disco o tratamento de obra-prima, mas, definitivamente, falta musculatura para tanto. O que de mais clássico “Precious Metal” tem a oferecer está na capa: a mesma espadinha de “Sahara” (1990) – este sim, um clássico com todas as letras.
Texto originalmente publicado no site Collector’s Room em 12 de março de 2014.
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