REVIEW: Fifth Angel – “The Third Secret” (2018)

 


Fifth Angel – “The Third Secret”

Lançado em 26 de outubro de 2018

Shinigami Records – NAC. – 43min

 

Uma década antes de o grunge dar as caras no início dos anos 90, a cena musical de Seattle produziu bandas emblemáticas do heavy metal como Metal Church e Queensrÿche. Inspirado pelo sucesso dessas, que abdicaram das apresentações em clubes locais para escrever, gravar e lançar suas próprias músicas, o Fifth Angel trilhou um caminho similar. Foram dois álbuns lançados — “Fifth Angel” (1987) e “Time Will Tell” (1989) — até se separarem sem nunca terem feito um show sequer.

 

Quase trinta anos se passariam até Jaap Wagemaker, da Nuclear Blast Records, após ouvir algumas demos, viabilizar o retorno. Das antigas, seguem a bordo o guitarrista Kendall Bechtel — agora também acumulando a função de vocalista —, o baixista John Macko e o baterista Ken Mary, que já tocou com deuses e o mundo, mas, atualmente, dedica-se meio que com exclusividade ao Flotsam and Jetsam.

 

Em termos de música, “The Third Secret” mostra-se muito mais em consonância com o heavy metal da estreia do Fifth Angel — disco do qual, curiosamente, Bechtel, hoje o principal compositor da banda, não participou — do que com o hard & heavy de “Time Will Tell”. O mesmo vale para a temática: apocalíptica, fantasiosa, com críticas escondidas sob um véu de metáforas. No quesito vocal, graças aos agudos e vibratos de larga extensão, Kendall remete ao saudoso Ronnie James Dio e a alguns de seus herdeiros, como Geoff Tate e o também saudoso Midnight, que tanta alegria nos deu à frente do cultuado Crimson Glory.

 

Na guitarra, os solos virtuosos imperam — alguns com duração excessivamente longa, mas como esperar algo diferente sabendo quem é que dá as cartas na banda? — sobre as aceleradíssimas bases, obrigando Ken e John a suar a camisa, resultando em bateria e baixo que, de tão precisos, às vezes soam até mecânicos. Coisa de mestre.

 

No repertório de dez faixas, destacam-se “We Will Rise” — o mote da retomada, a faixa de abertura perfeita para os shows que eu espero que aconteçam —, a excelente balada “Can You Hear Me” — que, escolhida como primeiro single, deixou todo mundo de orelha em pé, meio temeroso acerca do que estava por vir — e a obra-prima “Fatima”, que rompendo com o ortodoxo e deixando de lado o debate milagre versus construção, narra com um feeling soberbo uma das aparições mais famosas da história da Igreja. Que o Fifth Angel tenha voltado para ficar!

 

Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 12 de novembro de 2018.

Comentários