REVIEW: Avenger – “Prayers of Steel” (Relançamento 2019)

 

 
 

Avenger – “Prayers of Steel”

Lançado originalmente em 1985

Hellion Records – NAC. – 2h2min

 

Procure na Internet quantas bandas já atenderam por Avenger e surpreenda-se com o resultado. Alguns exemplos são notáveis: a brasileira, que voltou à ativa duas décadas após sua estreia na histórica coletânea “S.P. Metal” (1984); a britânica, que, para evitar confusão, em 2007 adicionou UK ao nome; e a alemã, formada em 1983 por Peter “Peavy” Wagner, Jörg Michael e Jochen Schröder, que passados três anos adotaria o nome pelo qual é conhecida até hoje: Rage.

 

Você não leu errado. Estamos diante do grupo que deu origem a uma das principais instituições do Heavy/Speed/Power Metal de todos os tempos. (E diante de uma das melhores capas de disco que você já viu, certo?) Em sua curta existência, o Avenger registrou apenas um álbum, o clássico cult “Prayers of Steel”, além do EP “Depraved to Black”, ambos de 1985, e de algumas demos datadas do ano anterior.

 

Tematicamente, o trio hasteava a bandeira do pseudo-satanismo – aquela do Venom e do Possessed que os escandinavos levaram a sério demais – e empregava certo humor, ainda que involuntário, em suas letras: “Sword Made of Steel” é mais Manowar que metade das músicas lançadas por Joey DeMaio e cia. em seus quatro primeiros álbuns. Só quem já viveu seus dias de pária da sociedade por ser chegado no som do tinhoso entende a beleza intrínseca de um verso como “Power and loudness give you the strength for the day / We blow free your mind now arm you to go your own way”. Metal que fortalece, ajuda a viver.

 

Mas em meio tanto à crueza instrumental – um déjà-vu após o outro conforme riffs parecidíssimos se sucedem – quanto à falta do que dizer típica dos vinte e poucos anos – a menos que você seja um ás da literatura em ascensão –, destaca-se o toque diferenciado de Jörg Michael, o futuro batera das mil bandas, cujos braços de marreta contrapõem com perfeição o bom gosto empregado em suas conduções. Tão novo e já muito fodão.

 

Para tornar o investimento ainda mais interessante, a presente edição da Hellion Records inclui um CD bônus com as supracitadas demos de 1984 – vale aquela ouvida comparativa com as versões finais, apesar de poucas serem as diferenças no fim das contas – e alguns cortes ao vivo em estúdio que asseveram todo o escrito e já prenunciam algo que nós, brasileiros, só descobriríamos, de fato, muito tempo depois: o tal “Peavy” é um demônio no palco; mesmo quando não há palco e quando o público consiste em somente o cara do som. Essencial.

 

Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 12 de fevereiro de 2019.


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