REVIEW: Omen – “Escape to Nowhere” (Relançamento 2019)

 


Omen – “Escape to Nowhere”

Lançado originalmente em 1º de outubro de 1988

Urubuz Records – NAC. – 39min

 

Durante a pré-produção de seu quarto álbum, uma crise criativa e de identidade se instaurou no Omen, partindo a banda ao meio. Ficariam o guitarrista Kenny Powell — hoje, o último homem de pé da formação clássica — e o baixista Jody Henry. J.D. Kimball (vocais, morto em 2003) e Steve Wittig (bateria) sairiam para a entrada dos ex-Prisoner Coburn Pharr e Camil Daignenault. Mas quem faria a maior diferença seria um quinto integrante, Bob Kinkel, no teclado, instrumento até então inédito em um disco do grupo.

 

Feito sob a batuta e conforme as orientações do lendário Paul O’Neill (1956-2017), “Escape to Nowhere” acabou se tornando o ponto fora da curva da discografia do Omen. Mesmo os fãs mais ferrenhos o rejeitam alegando que a abordagem vendedora dinamitou os princípios de “trueza” acentuados pela temática histórica e fantástica presente nos trabalhos anteriores.

 

Aqui, ouve-se uma banda metade morta de cansaço, metade no pique para mais uma. Quando o moral cai e isso reflete na qualidade do material, a presença dos novatos revigora e faz a diferença. Ainda assim, os resquícios da falta de otimismo inevitável pós três fracassos comercial nas letras — “It’s Not Easy”, “No Way Out” e a própria faixa título — parecem pouco ou nada combinar com a proposta.

 

Se por um lado, a escolha da música de trabalho foi certeira — “Thorn in Your Flesh” é de longe a melhor do repertório —, por outro, regravar “Radar Love” foi um equívoco sem precedentes. Sorte nossa que no ano seguinte o White Lion faria a melhor versão que se tem notícia deste clássico do Golden Earring.

 

O prêmio de destaque individual vai para Pharr, dono de uma voz tão sui generis, daquelas que ou você ama ou você odeia, que fez com que o Annihilator o convidasse para substituir Randy Rampage em 1989. O fruto único desta afiliação, “Never Neverland” (1990), ainda é lembrado como um dos grandes trabalhos da banda de Jeff Waters. Pena que muito pouco se ouviu de Coburn desde então — o que não significa que ele não esteja bem de vida. Aos 54 anos, é presidente de uma companhia de componentes plásticos no Reino Unido.

 

Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 26 de junho de 2019.

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