DA COLEÇÃO: The Rolling Stones – “Voodoo Lounge” (1994)

 


The Rolling Stones – “Voodoo Lounge”

Lançado em 11 de julho de 1994

EMI – NAC. – 1h1min

 

Nos quatro anos que separam o lançamento de “Steel Wheels” (1989) do início dos trabalhos de “Voodoo Lounge”, muita coisa aconteceu no campo dos Rolling Stones. O rancor e a desconfiança que minaram a relação de Mick Jagger e Keith Richards acentuaram-se com o lançamento de “Wandering Spirit” (1993), terceiro álbum solo do vocalista, criticado publicamente pelo guitarrista.

 

No mesmo ano, o baixista Bill Wyman anunciou sua saída do grupo ao vivo num programa de televisão. Richards não ficou feliz com a notícia; afinal, ele e Jagger teriam de lidar com a terceira mudança na formação dos Stones em 31 anos. Após vários testes realizados em Londres e Nova York, o escolhido foi Darryl Jones, que havia gravado com Miles Davis e excursionado com Eric Clapton, Peter Gabriel e Madonna.

 

Mas havia ainda uma grande questão a ser respondida: qual direcionamento musical que a banda deveria seguir ao entrar em sua quarta década de atividade? Tomando seus álbuns solo como exemplo, Mick queria que o som fosse mais experimental. Já Keith ansiava por um retorno às raízes. Em seu único trabalho de estúdio com os Stones, coube ao produtor Don Was o papel de diplomata extraordinário. E Richards acabaria ficando mais feliz com o produto final do que Jagger.

 

Lançado em 11 de julho de 1994, “Voodoo Lounge” inaugura o contrato de 30 milhões de libras recém-assinado com a Virgin que, além do adiantamento pelos próximos três álbuns, garantia ao selo de Richard Branson os direitos de distribuição do catálogo da banda a partir de “Sticky Fingers” (1971). Com a tinta ainda secando no papel, a Virgin foi vendida para a EMI por um bilhão de dólares, e Branson usou a parte que lhe coube do negócio para abrir uma companhia aérea.

 

No repertório, músicas que parecem prontas tanto para o palco — “You Got Me Rocking” soa como uma filha bastarda de “If You Can’t Rock Me” de “It’s Only Rock ‘n’ Roll” (1974) — como para as rádios, a exemplo de “Out of Tears”, single top 40 em vários países e ainda uma das mais belas baladas do cânone stoniano.

 

As letras, por sua vez, vão da picância de “Sparks Will Fly” — que inclui a célebre linha “Gonna fuck your sweet ass” — ao comentário social de “Blinded by Rainbows”, um sentimental ataque ao terrorismo. Já a experimentação pretendida por Mick se resume a momentos pontuais como Charlie Watts usando a tampa de metal de uma lata de lixo em “Moon Is Up” e o tex-mex de “Sweethearts Together” acentuado pelo acordeão de Flaco Jiménez.

 

Com “Voodoo Lounge”, os Rolling Stones chegaram ao topo das paradas britânicas pela primeira vez desde “Emotional Rescue” (1980). Nos Estados Unidos, foram mais de cinco milhões de cópias vendidas, o suficiente para chegar ao 2º lugar na Billboard 200 e ainda faturar o Grammy de Melhor Álbum de Rock no ano seguinte. “Pelo menos tenho algo para contar aos meus netos”, disse Was.

 

Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 10 de julho de 2019.

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