Queensrÿche – “Queensrÿche”
Lançado em setembro de 1983
EMI – IMP. – 21min
No início da década de 80, os guitarristas Chris De Garmo e Michael Wilton, o baterista Scott Rockenfield e o baixista Eddie Jackson, todos entre 17 e 19 anos, formaram o The Mob para tocar covers de Iron Maiden e Judas Priest em clubes de Bellevue, sua cidade natal no estado americano de Washington. Foi questão de tempo até arriscarem compor material próprio, juntarem uma grana e alugarem um pequeno estúdio local para gravarem sua primeira demo.
O quarteto, no entanto, precisava de um vocalista, e é aí que Geoff Tate, então cantor do concorrente Myth, entra na jogada: além de ter topado cantar, Tate contribuiu com a letra de “The Lady Wore Black”, escrita a poucos dias da gravação. Uma série de bem-aventuranças assegurou ao grupo, já rebatizado Queensrÿche, um contrato com a EMI-America, que reeditou a demo como um EP e caprichou na distribuição a ponto de um impressionante 81º lugar na Billboard ser alcançado.
No repertório, quatro sons que consistem na gênese musical da banda ainda moldada conforme a estética britânica. As guitarras em harmonia — herança de Dave Murray e Adrian Smith, que por sua vez herdaram de Glenn Tipton e K. K. Downing — marcam presença no single “Queen Of The Reich”, que já revela ao mundo o quanto Geoff é um vocalista diferenciado.
A intro arrastada à la Black Sabbath de “Nightrider” engana, e o que vem pela frente poderia facilmente entrar em “Iron Maiden” ou “Killers”. “Blinded” e “The Lady Wore Black”, por sua vez, têm caráter premonitório: a primeira é Bay Area muito antes de Metallica e Megadeth darem as caras na mídia, e a segunda é basicamente um rascunho do que hoje se conhece como o som clássico do Queensrÿche.
“Queensrÿche” seria relançado em 1988 trazendo uma faixa bônus, “Prophecy”, gravada durante as sessões de “Rage For Order” (1985-1986) e deixada de lado, acredito eu, por soar muito mais metal que o restante do álbum. Em 2003, a chamada edição definitiva chegaria ao mercado com nove faixas bônus extraídas do VHS “Live in Tokyo”, registro ao vivo e imperdível da turnê de “The Warning” — a primeira da banda fora dos Estados Unidos — no qual podemos atestar que o talento de Tate não era pura e simplesmente magia de estúdio.
Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 14 de junho de 2017.
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