Entrevista originalmente publicada na Rock Brigade Magazine em 29 de
julho de 2019.
Marcelo Vieira: O Nuclear Assault tocou no Brasil em abril e tocará
novamente muito em breve. Haverá novidades nos próximos shows?
Dan Lilker: Nos divertimos muito em abril, e é sempre ótimo tocar no Brasil! Não haverá nenhuma novidade nos próximos shows porque nós vivemos em três cidades diferentes — e dois países diferentes —, o que dificulta a rotina de ensaios e, logo, não temos como preparar opções para o repertório. Contudo, sentimos que ao tocar os bons e velhos clássicos, todos saem do show satisfeitos.
MV: Para aqueles que nunca assistiram ao Nuclear Assault ao vivo, como
você descreveria a experiência?
DL: Não há frescuras quando tocamos; nada de cenografia, efeitos de luz ou figurinos. Somos apenas quatro caras dando o máximo de si. Isso talvez seja um resquício do nosso passado hardcore, sei lá, mas a gente não perde tempo; vamos direto ao ponto.
DL: Acho que conquistamos tudo o que havia para ser conquistado em nossa carreira. Nós nunca poderíamos ser grandes como o Anthrax etc. porque nosso som é muito cru e de influência punk, mas tudo bem. Foi necessário se separar e voltar algumas vezes para renovar os ares ao longo desses 35 anos.
MV: Apesar de ter embarcado na chamada “Final Assault Tour”, em 2015, o
Nuclear Assault ainda toca de vez em quando. A que se deve isso? Mera demanda
dos fãs ou vocês sentem essa necessidade de subir ao palco ocasionalmente?
DL: É mais uma demanda dos fãs. Tentamos parar com os shows anos atrás, mas parece que o público ainda não se cansou de nós! Então, a gente ainda faz um show ou outro para matar essa sede, mas não mais com tanta frequência. Nossas famílias e empregos vêm em primeiro lugar.
MV: “Third World Genocide”, o último álbum de estúdio do Nuclear
Assault saiu há quase 15 anos. Os fãs podem esperar por novas músicas ou ele
foi a saideira e vocês se tornaram oficialmente uma banda de shows?
DL: Como falei anteriormente, é muito difícil para a gente fazer a banda funcionar da maneira certa por conta das questões geográficas e de família e emprego. Se não temos como nos reunir nem para ensaiar, imagine para compor e gravar. Então, sim, nós nos tornamos oficialmente uma banda de shows, mas com um material antigo forte o suficiente para manter a coisa interessante.
MV: Política, questões sociais, guerra e corrupção estão entre os temas
mais recorrentes nas letras da banda. Você acredita na música como uma
ferramenta para a mudança? E o que você acha dos artistas que se abstêm de
opinar nos problemas do mundo de hoje em dia?
DL: Só me resta torcer para que as nossas letras façam as pessoas refletirem, e, se isso as levar a mudar para melhor, fico muito feliz. Não vejo problema nos fãs que curtem a música apenas pela música e não pela mensagem. A música não necessariamente precisa mudar o mundo. Adoro black metal, mas o black metal não vai mudar o mundo! [risos]
MV: Como cofundador do Anthrax, do S.O.D. e do Brutal Truth, além de
ter tido papel importante no Holy Moses e no Dark Angel, você certamente merece
todo o respeito da comunidade metal. Mas se você tivesse que escolher apenas
uma dentre todas as suas realizações na música para ser lembrado num futuro
muito, muito, muito distante, qual seria?
DL: Muito obrigado pelas palavras! Eu escolheria o primeiro álbum do Brutal Truth. Condições extremas requerem medidas extremas. Ele revolucionou o grindcore tornando-o muito mais veloz e introduzindo aspectos industriais insanos.
MV: Em 2011, Glenn Evans fundou a Sidipus Records para cuidar dos
relançamentos do Nuclear Assault. Em que pé está isso?
DL: Glenn Evans está fora da banda, e eu não faço a menor ideia de às quantas anda o seu selo.
MV: Se o Nuclear Assault fosse convidado para integrar uma versão alternativa
do Big Four, quais bandas você gostaria de ter ao seu lado?
DL: Exodus, Dark Angel e Kreator.
MV: Você costuma ouvir bandas novas? Quais você recomendaria? Alguma do
Brasil?
DL: Só ouço bandas novas quando as vejo ao vivo nos eventos em que também toco. Confesso que não acompanho o que tem rolado na cena, pois há tantas bandas novas que fica difícil conhecer todas elas. O thrash metal, de modo geral, está vivo e passa bem, e isso é bom pra caralho! Uma banda brasileira muito boa é o Blackning.
MV: Muito obrigado pelo papo! Pra terminar, deixa uma mensagem para os
fãs aqui do Brasil!
DL: Obrigado por todos esses anos de apoio! Nós não estaríamos aqui se não fosse por vocês e vocês sabem disso! Até breve!
facebook.com/NuclearAssaultOfficial
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