REVIEW: Torch – “Torch” (Relançamento 2019)

 


Torch – “Torch”

Lançado originalmente em 1983

Hellion Records – NAC. – 1h5min

 

A história do Torch teve início em meados dos anos 70, quando os guitarristas Chris J. First e Claus Wildt e o baterista Steve Streaker fundaram o Black Widow. O trio, que cresceu ao som de nomes como Black Sabbath, Deep Purple e Judas Priest, logo incorporaria o baixista Ian Greg. Dan Dark assumiria os vocais somente em 1981, completando a formação clássica responsável por este autointitulado debute — que só é autointitulado porque a gravadora na época esqueceu-se de incluir o título “Sinister Eyes” na capa.

 

Musicalmente, o quinteto não nega as influências e pega emprestado alguns elementos de eficácia previamente comprovada: “Beauty and the Beast” é Iron Maiden puro enquanto “Watcher of the Night” possui a mesma levada de bateria de “Exciter” do Judas Priest. Por outro lado, “Rage Age” é Anthrax muito antes de “Madhouse” ser escrita.

 

No quesito vocal, a rouquidão tabagista de Dark se transfigura num castrato quase carnavalesco na curtinha “Hatchet Man”. O registro varia também em “Sweet Desire”, que com uma letra que não faria feio no repertório do Ratt, é o ponto fora da curva temática ditada por títulos Conan, o Bárbaro como “Warlock” e “Gladiator”.

 

Vale mencionar que, por mais datada que soe hoje em dia, a produção privilegia vozes e instrumentos em pé de igualdade, coisa rara de se ouvir em se tratando da série D do heavy metal. Uma pena que a qualidade não reflita na capa, digna dos piores ilustradores da história do jogo Magic: The Gathering.

 

Para finalizar, a presente edição conta com nada menos que oito faixas bônus, oriundas dos EPs “Fire Raiser !!” (1982) e do promocional sem nome de dois anos depois, que soa mais como uma demo do que qualquer outra coisa. Material interessante de se ouvir a título de comparação e também pela presença de uma balada, “Pain”: prova de que sob o invólucro do metaleiro malvadão, muitas vezes existe um cara sensível, que ouve REO Speedwagon e chora no banho.

 

Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 21 de fevereiro de 2019.

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