REVIEW: Crashdïet – “Rust” (2019)

 


Crashdïet – “Rust”

Lançado em 13 de setembro de 2019

Frontiers Records – IMP. – 43min

 

O Crashdïet precisou ir ao fundo do poço para se levantar com o balde de lágrimas, determinado a ponto de não se intimidar com a rejeição e a descrença, livre de desculpas e decidido a arriscar tudo no veneno e antídoto que é “Rust”. A nova entrega dos suecos, agora com o novato Gabriel Keyes no vocal, obviamente, empalidece se comparada a “Rest in Sleaze” (2005) ou “Generation Wild” (2010), mas está um nível acima de “The Unnatractive Revolution” (2007) e muitos acima de “The Savage Playground” (2014).

 

A verdade é que passado tanto tempo e submetido a tantas mudanças de vocalista, o Crashdïet acabou por metamorfosear o seu som, o qual adquire contornos tanto mais speed (“Reptile”) como mais baladeiros, numa perspectiva até então inédita em seu repertório, com a excelente, apesar de sutilmente genérica, “In the Maze”.

 

A tentativa de estabelecer uma nova “Riot in Everyone” vem na forma de “We Are the Legion”, na qual se verifica quão boa é a voz de Gabriel e quão inabalável permanece a capacidade de Martin Sweet (guitarra), Peter London (baixo) e Eric Young (bateria) de compor hinos passíveis de se imaginar entoados por verdadeiras multidões.

 

Por outro lado, se “Stop Weirding Me Out” é o tipo de coisa que poderíamos ouvir em “Just Push Play” (2001) do Aerosmith, “Waiting for Your Love”, com todo seu aparato eletrônico e uma incômoda pretensão de modernidade, consiste no momento mais bizarro do grupo desde quando resolveram tocar “Territorial Pissings” do Nirvana.

 

No fim das contas, é aquilo: quem não acredita em Deus, não passará a ter fé; quem é fatalista, não passará a confiar no infinito. Mas na maldita gravidade da vida real, “Rust” tem seus passes de mágica, o que basta para me permitir dizer que o meu Crashdïet está de volta. Continuarei amando-o e defendendo-o.

 

Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 20 de setembro de 2019.

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