REVIEW: Eclipse – “Paradigm” (2019)

 


Eclipse – “Paradigm”

Lançado em 11 de outubro de 2019

Hellion Records – NAC. – 41min

 

Em março deste ano, a revista japonesa BURRN! escolheu Erik Mårtensson como um dos dez melhores compositores do mundo. Não dá para negar que o sueco é uma usina criativa e produz quase que em escala industrial. Mas, cá entre nós, se não todos, a maioria de seus projetos paralelos soa rigorosamente igual, sempre transitando entre o hard e o heavy no que se convencionou chamar de metal moderno.

 

A fórmula do sucesso consta de três ingredientes: guitarras pesadas, vocais estelares e refrões dignos de colocar arenas lotadas para cantar junto. Parece fácil — na verdade, Erik faz com que pareça —, mas é difícil, e “Paradigm”, novo álbum do Eclipse, é o mais novo atestado da superioridade de Mårtensson em relação aos seus pares tanto de nacionalidade quanto de gravadora.

 

Logo de cara, a produção chama a atenção por não obedecer ao padrão Frontiers de pasteurização cujo maior efeito colateral é a descaracterização em nome de um suposto nivelamento por alto. Querendo colocar todo o seu elenco no mesmo patamar, o selo italiano acaba subtraindo identidades e solapando diferenciais a ponto de provocar no ouvinte certo estranhamento. Exemplos não faltam, mas isso é assunto para outra hora.

 

A partida nos motores é dada com “Viva La Victoria”, que conta com um videoclipe no qual os fãs são a atração principal — nada que chegue aos pés de um KISS Army, mas toda caminhada começa com o primeiro passo, certo? Sua letra é um ensaio sobre a cegueira (“A blind man tries to lead the blind / I’m not sure what they hope to find”) e também um grito de alerta: “A different game is played behind the scene”. Ou seja, em se tratando de políticas e políticos, a verdade nunca vem à tona. Assustador, porém realista.

 

Só que nem todas as letras compartilham da mesma profundidade: “United”, por exemplo, lança mão de incontáveis clichês — frases como “We are one” e rimar “sinners” com “winners”. A mensagem de união é diluída em tamanha superficialidade. O trabalho de ambos os Magnus — Henriksson (guitarra) e Ulfstedt (baixo) —, porém, é primoroso a ponto de inicialmente lamentarmos a saída do segundo, substituído por Victor Crusner, irmão do baterista Philip Crusner.

 

O clima de direção em alta velocidade se perpetua conforme o álbum progride rumo a “The Masquerade”, recentemente acusada por Timo Tolkki de ser plágio da canção que dá nome ao seu grupo Revolution Renaissance. Não vou dizer nem que sim nem que não, mas que parece, parece!

 

Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 1º de novembro de 2019.

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