REVIEW: H.E.A.T – “II” (2020)



H.E.A.T – “II” 
Lançado em 21 de fevereiro de 2020
Shinigami Records – NAC. – 45min

Falar mal de viúvas como as do Sepultura é fácil – difícil é admitir que eu mesmo sou uma viúva da fase Kenny Leckremo do H.E.A.T. Não que Erik Grönwall não tenha provado seu valor. A estreia do vocalista, “Address the Nation” (2012), é facilmente um dos melhores álbuns de hard rock do novo milênio, e a sequência com “Tearing Down the Walls” (2014) até que manteve o pique, mas “Into the Great Unknown” (2017), citando Marie Kondo, não despertou alegria. Por mais que ao vivo a banda tenha continuado deixando todo mundo de queixo caído – foi um dos destaques do último Monsters of Rock Cruise –, a expectativa pelo álbum seguinte veio coberta de receio.

Só que nem o saudosista mais esperançoso poderia esperar pelo que o H.E.A.T. apresenta em “II”. A impressão imediata que se tem é a de continuação não oficial de “Address”, retomando a estética dos primeiros trabalhos, quando a receita era pura e simplesmente aquele Melodic Hard Rock tipicamente escandinavo inspirado em Europe – Leckremo soava como um filho bastardo de Joey Tempest –, Treat e outros medalhões. Isso não impede, porém, que “II” tenha suas pinceladas de modernidade: os teclados e os “oooo” de “Adrenaline” são um lembrete de que estamos em 2020 e que Imagine Dragons é considerado rock.

Letras como a soberba de “We Are Gods” deixam claro que o H.E.A.T. sabe que está no seu auge, mas mesmo que Erik apenas murmurasse fonemas, a satisfação seria garantida: “Victory”, fortíssima candidata a melhor música de 2020 não me deixa mentir. E o que dizer de “Heaven Must Have Won an Angel”, cujo DNA é permeado por “Can’t Fight the Nights”, do Shy? O saudoso e inigualável Tony Mills deve estar orgulhoso. O único elo fraco da corrente fica por conta da balada “Nothing to Say”, que na vã tentativa de soar meio trilha sonora de Sessão da Tarde acaba resvalando no pop a la boybands noventistas, só que com guitarras que você jamais ouviria num álbum dos Backstreet Boys. Disco do ano? Acredito que não. Top 10? Com certeza, sim.

Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 28 de fevereiro de 2020.

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