REVIEW: Steve Hackett – “At the Edge of Light” (2019)

 


Steve Hackett – “At the Edge of Light”

Lançado em 25 de janeiro de 2019

Encore Music / Voice Music – NAC. – 54min

 

Uma das grandes queixas de Steve Hackett no Genesis era a falta de oportunidades que lhe eram dadas para compor — Peter Gabriel, Mike Rutherford e Tony Banks monopolizavam a composição do material da banda, e, de acordo com Phil Collins na autobiografia “Ainda estou vivo” (2018), escreviam melhor do que Steve. Ter lançado um álbum solo, “Voyage of the Acolyte” (1975), de nada adiantou. Por não haver conquistado o espaço criativo que acreditava merecer, o guitarrista deixou o Genesis em 1977.

 

Nessas mais de quatro décadas, a produção de Hackett teve alcance restrito aos connoisseurs do rock progressivo. Seu último contato com as paradas de sucessos foi em 1986, quando, ao lado de Steve Howe (Yes, Asia), fundou o GTR e lançou um álbum que atingiu a 11ª posição na Billboard. Apesar da qualidade de seu material solo, a dolorosa verdade é que pouca gente ligou ou o ouviu, e quem vai aos seus shows espera mesmo é ouvir “Firth of Fifth”, “Los Endos”, “The Musical Box”…

 

Enfim, 2019 começa com Hackett lançando seu 25º álbum de estúdio. Em “At the Edge of Light”, o guitarrista explora novos territórios, buscando oferecer ao ouvinte uma perspectiva musical quase que global através do emprego de instrumentos de diversas etnias e da abordagem de pautas que não fariam feio numa assembleia da ONU, como recessão econômica e o futuro da humanidade. Apesar da temática, o clima geral é de otimismo, o que fica evidente na trinca de encerramento: à “Descent” (“Declínio”) e “Conflict” (“Conflito”), segue-se “Peace” (“Paz”), no melhor estilo “Depois da tempestade vem a bonança”.

 

Mas o caráter global não fica restrito ao papel, e instrumentistas oriundos dos quatro cantos do planeta contribuem com seus talentos, além de uma profusão de músicos já conhecidos de trabalhos anteriores de Hackett, como os bateristas Simon Phillips e Gary O’Toole e seu irmão, John Hackett, na flauta. Eis uma prova material de que a música não tem fronteiras. Azar de quem acha que só o metal salva.

 

Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 8 de fevereiro de 2019.

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