REVIEW: Stryper – “Even the Devil Believes” (2020)

 



Stryper – “Even the Devil Believes”

Lançado em 4 de setembro de 2020

Hellion Records – NAC. – 46min

 

A cada novo disco que lança – seja à frente do Stryper, como artista solo ou a bordo de um projeto como o Sweet & Lynch com o guitarrista George Lynch –, Michael Sweet diz: “este é o melhor trabalho que já fiz”. Apesar de os fãs rebaterem ou acharem graça, é fato que a obra recente, pelo menos do Stryper, está à altura da definição.

 

Por N motivos, “No More Hell to Pay” (2013), “Fallen” (2015) e “God Damn Evil” (2018) estão entre os melhores lançamentos da banda e cada um deles representou um avanço se comparado com seu antecessor. O problema é que “God”, que marca a estreia do baixista Perry Richardson (ex-Firehouse), levou a coisa toda a níveis tão estratosféricos que a expectativa criada em torno de “Even the Devil Believes” foi incompativelmente alta.

 

Saiba de antemão, desocupado leitor, que o novo do Stryper não cumpre com tais expectativas. Mas tenha em mente também que isso está longe de ser um demérito. Lembre-se que “For Those About to Rock” (1981), do AC/DC, não é um disco ruim, mas ter saído na sequência de “Back in Black” (1980) certamente não ajudou.

 

“Even” não é um disco ruim, mas empalidece na comparação com seu vigoroso irmão mais velho. E isso talvez se deva ao fato de que, ao contrário de “God”, “Even” não possui um fio condutor bem-definido; ele tem, sim, um responsável, Michael, mas não a identidade ou a unidade que se esperaria de um álbum do Stryper.

 

Obviamente, muitos dos ingredientes que compõem a fórmula vitoriosa seguem na receita: o “headbanging em nome de Deus” tem representação em “Blood from Above” e “Middle Finger Messiah”, essa com direito a um solo de guitarra típico de quem dedicou horas ao estudo da escala menor harmônica.

 

Quem prefere levadas mais cadenciadas encontra na excelente “Make Love Great Again” (repare no timbre do baixo) a sua parada. Bem melhor que “Do Unto Others”, escolhida para single e videoclipe, ou a faixa-título, meio morna apesar dos vocais arrebatadores.

 

A supracitada identidade é comprometida com as ruins no contexto, mas boas se analisadas fora dele “How to Fly” (melhor letra e melhor refrão do álbum) e “This I Pray” – balada country cujo remix é a faixa bônus da edição japonesa –, dobradinha que se esperaria ouvir num disco solo de Michael. O mesmo vale para “Divider” (gang vocals presentes) e “Invitation Only”, disparada a mais maneira da segunda metade.

 

De volta para casa, se “Let Him In” pega emprestada a métrica de “Can’t Stop the Rock”, “For God & Rock ‘N’ Roll” é claramente uma tentativa de atualizar e reforçar a missão da banda por meio de uma estrutura do tipo “já ouvi isso antes” com uma letra repleta de frases de efeito. Pelo esforço, nota 7,77.

 

Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 2 de setembro de 2020.

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