REVIEW: Tyketto – “Live from Milan” (2017)

 


Tyketto – “Live from Milan”

Lançado em 13 de outubro de 2017

Frontiers Records – IMP. – 1h10min

 

O Tyketto não é mais aquele que o público brasileiro pôde ver de perto em 2008: o guitarrista Brooke St. James e o baixista Jimi Kennedy deram lugar a Chris Green e Chris Childs (Thunder) deixando o vocalista “muito cabelo, muito violão” Danny Vaughn e o batera Michael Clayton Arbeeny como únicos remanescentes da formação original.

 

O som também sofreu alterações: a adição do tecladista Ged Rylands (Ten) não apenas transformou o quarteto num quinteto como também ajudou a nivelar o material segundo o atual padrão do Melodic Rock europeu, quase que ditado pela Frontiers, gravadora responsável pelos dois últimos álbuns de estúdio da banda — “Dig In Deep” (2012) e “Reach” (2016) — e por este que é o primeiro ao vivo de sua carreira.

 

Com lançamento previsto em todos os formatos possíveis, “Live from Milan” registra a apresentação impecável do Tyketto no Frontiers Rock Festival IV realizado em abril passado, quando tocaram o injustiçado “Don’t Come Easy” (1991) na íntegra pela, de acordo com Danny, última vez. Mas, antes que você aperte o play, esperando que a banda quebre tudo com “Forever Young”, saiba que aqui o repertório foi tocado de trás para a frente; ou seja, é “Sail Away”, a derradeira de “Don’t Come Easy” que abre os trabalhos, e é logo após ela que o vocalista anuncia que a ordem das músicas está invertida em relação ao álbum.

 

Conforme a apresentação progride, a mente começa a concluir e questionar. A primeira conclusão é a de que Danny é um dos melhores vocalistas em atividade no rock; tanto no Tyketto quanto no seu mundialmente famoso tributo ao Eagles, seja em estúdio seja ao vivo. Conclui-se também que o peso da guitarra não mais é subtraído pelo violão de Danny graças à pegada quase metal de Green; preste bem atenção ao solo do cara em “Lay Your Body Down” e comprove.

 

Por mais que isso pareça chover no molhado, “Standing Alone” é uma das maiores baladas da história, e o teclado de Rylands caiu como uma luva. Único questionamento: ou o público europeu é contido a ponto de não se fazer ouvir ou a mixagem passou uma borracha na galera cantando junto e berrando nos intervalos. Alguém saberia dizer?

 

Passadas as dez músicas de “Don’t Come Easy” — a dobradinha “Wings” e “Forever Young” na saideira é simplesmente de arrepiar —, o Tyketto entrega no bis a trinca “Rescue Me” (representando solitária o “Strength In Numbers” (1994) que Vitão Bonesso outrora definiu como “uma sacanagem com os ouvidos”), “Dig In Deep” e “Reach”, que encerra a peleja lembrando aos presentes e aos ouvintes que o álbum homônimo ainda está disponível e merece ser comprado/precisa ser vendido.

 

Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 18 de outubro de 2017.

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