REVIEW: Triumph – “Progressions of Power” (Relançamento 2020)


 Triumph – “Progressions of Power”

Lançado originalmente em 25 de março de 1980

Hellion Records – NAC. – 41min


A pressa nem sempre é inimiga da perfeição. Ou de uma quase-perfeição. 


Menos de cinco meses separam o último show da turnê de “Just a Game” (1979) do lançamento de “Progressions of Power”. Gravado meio que a toque de caixa em pouco mais de um mês entre dezembro de 1979 e janeiro de 1980, o quarto álbum de estúdio do Triumph acabou não repetindo as vendas de seu antecessor – faltava-lhe um single do calibre de “Lay it on the Line”, 38º lugar na Billboard – e, após o estrondoso sucesso de “Allied Forces” (1981), acabaria condenado ao estigma de filho do meio, sendo visto como menos importante em relação aos irmãos e não recebendo atenção suficiente dos pais. 


Mas não estamos aqui para aplaudir o que diz o senso comum – muitas vezes desprovido de audição –, e sim para fazer justiça, com quatro décadas de atraso, a um dos grandes álbuns de rock do movimentado ano de 1980, recentemente relançado no Brasil.  Para começar, se você prefere os vocais de Gil Moore aos de Rik Emmett, “Progressions of Power” foi feito para você: aqui, o batera canta a maioria das músicas. Outra particularidade está na timbragem – um passo atrás do refinamento de “Just a Game” e milhas e milhas distante da superprodução de “Allied Forces” e seus sucessores –, aqui, ingrediente principal dos singles “I Can Survive” e “I Live for the Weekend”, que numa reviravolta curiosa do destino se tornaria um hit no Reino Unido e abriria as portas para uma turnê de oito datas pela Escócia e pela Inglaterra em novembro; a primeira e única do Triumph por lá.


A emoção fica à flor da pele com a lancinante “In the Night”, a favorita deste autor não só do disco, mas da banda. “You tell yourself, don’t be lonely, don’t be scared / But the darkness comes and then you hear all those voices in the night”, diz a ponte dos desesperados que antecede o inspiradíssimo solo de Emmett. Por falar em solo, o da autobiográfica “Nature’s Child” também é de arrepiar. E levemente autobiográfica também é “Woman in Love”; na verdade, todo mundo que já teve um relacionamento conturbado consegue se identificar – e até se solidarizar – com o protagonista da letra, que após descrever os muitos estágios de uma briga que não vai dar em nada, conclui: “Baby I think we should... sit down and talk it over”. Ah sim, o refrão traz “We're an American Band”, do Grand Funk Railroad, no DNA.


Destacam-se no terço final a despretensiosa “Tear the Roof Off” e a inversamente profunda “Hard Road”, que em seus pouco mais de cinco minutos preenche a cota de ensinamentos de caráter pessoal e intransferível característica de todos os álbuns do Triumph: “Yesterday’s victim... tomorrow’s hero”, diz o último verso da letra. Ou, para que nos adequemos à realidade dos memes made in Brazil: “os humilhados serão exaltados.”


A pergunta que fica agora é: qual será o próximo do Triumph a dar as caras em edição nacional? Façam suas apostas.


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