OUÇA NO FIM DE SEMANA #1: Omen, Lizzy Borden e Celtic Frost


Confira as dicas de álbuns para ouvir neste fim de semana!




Omen – “Battle Cry” (1984 | Relançamento 2020)

Olhe bem para esta capa: bárbaros mortos-vivos armados com machados gigantes, montando cavalos e massacrando o que quer que sejam aquelas coisas a seus pés. Sem contar o nome da banda escrito em um pergaminho e o “O” em Omen como uma cobra enrolada. O fato é que, apesar da capa, “Battle Cry” é um dos melhores álbuns do power metal americano de todos os tempos. Temos músicas sobre príncipes (“Prince of Darkness), dragões (“Dragon’s Breath”), carrascos (“The Axeman”) e prostitutas (“Be My Wench”) compondo o panorama medieval de torturas e maldades explorado de maneira semelhante por outros pioneiros, como Cirith Ungol, Fates Warning (fase John Arch) e Manilla Road. E por mais que algumas bandas tenham feito sucesso com outros vocalistas – embora em circunstâncias atenuantes, como o AC/DC com Brian Johnson e o Black Sabbath com Ronnie James Dio –, há que se considerar o seguinte: JD Kimball (1958-2003) foi a voz de Omen. E que voz! Ouça “Last Rites” (Iron Maiden puro) e “In the Arena” e comprove. A edição relançada em 2020 pela Nuclear Music inclui duas bonus tracks: “Torture Me” e uma versão ao vivo da faixa título gravada em 1986.




Lizzy Borden – “Visual Lies” (1987 | Relançamento 2020)

Uma das bandas mais subestimadas do metal estadunidense, o Lizzy Borden é, musical e tematicamente, uma combinação de aspectos de nomes como Judas Priest (guitarras dobradas em harmonia), Queensrÿche (vocais beirando o operístico) e Alice Cooper (além do visual tipicamente shock rock, a teatralidade nas apresentações ao vivo). Ao passo que os tornava únicos, essa mistureba dificultou sua penetração nos únicos mercados viáveis: o público do hair metal os achava pesados demais, o público do thrash metal os achava leves demais. De qualquer forma, “Visual Lies” foi talvez seu álbum mais importante e quiçá o mais vendido. Com a ajuda do produtor Max Norman (Ozzy Osbourne), o quinteto descobriu o valor de músicas mais cadenciadas aprendeu que menos velocidade não necessariamente resulta em menos peso. Cereja do bolo: quem toca as guitarras é Joe Holmes, um daqueles muito bons, mas terrivelmente esquecidos, guitarristas dos anos 80 e futuro integrante, veja só você, da banda do já citado Ozzy. Relançado este ano no Brasil pela Urubuz Records, o CD inclui de bônus versões demo de “Me Against the World”, “Lord of the Flies” e da faixa título.





Celtic Frost – “Monotheist” (2006 | Relançamento 2020)

Quase quinze anos após ter encerrado atividades, o Celtic Frost voltou à ativa com um disco pesado que refletiu o estado de espírito em que o vocalista e guitarrista Thomas Gabriel Fischer e o baixista Martin Eric Ain (1967-2017) se encontravam no momento. Afastada da música desde a segunda metade dos anos 90, a dupla levou praticamente quatro anos para compor as músicas que fazem parte de “Monotheist”, recentemente relançado no Brasil pela Mutilation Productions. Para que não tivessem de ceder a pressões externas e pudessem ter controle total sobre o disco, os dois reativaram o selo Prowling Death – o mesmo dos tempos do Hellhammer, banda que deu origem ao Celtic Frost –, para soltar o álbum através dele. O som, outrora definidor do black metal, aqui adquire contornos quase industriais, algo que os mais “true” diriam que compromete a pureza da fórmula; como se esta não tivesse sido previamente mandada às favas com o abominável “Cold Lake” (1988). Talvez os momentos mais especiais sejam “A Dying God Coming Into Human Flesh” e “Synagoga Satanae”, nas quais os Fischer e Ain, cuja voz lembra a de Glenn Danzig, dividem o microfone.

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