Axel Rudi Pell – “Sign of the Times”
Lançado em 8 de maio de 2020
Shinigami Records – NAC. – 54min
O décimo oitavo álbum de estúdio de Axel Rudi Pell é o primeiro desde “Kings and Queens” (2004) a não contar com produção de Charlie Bauerfeind. O produtor em “Sign of the Times” é Tommy Geiger, o mesmo de “XXX Anniversary Live” (2019). A banda do ao vivo também se repete, com Ferdy Doernberg (teclados), Volker Krawczak (baixo), Bobby Rondinelli (bateria) e o cada vez mais requisitado vocalista Johnny Gioeli.
Musicalmente, o postulante alemão ao trono de Ritchie Blackmore segue apresentando um misto de hard com heavy tradicional com power tipicamente europeu, alternando momentos de alta octanagem com outros que são verdadeiros picos de glicose. Em comum, apenas os solos de guitarra, que, tenho a impressão, estão mais longos do que nunca. Quanto às letras, um quê de contemporaneidade parece ter tomado o lugar antes ocupado por reis, castelos e dragões; coisa que pode significar tanto uma tentativa de abranger o público que não vê graça no metal fantasia como uma necessidade de se posicionar, ainda que de maneira muito superficial, em relação ao mundo em que vivemos.
“Not a day passing without bad news”, canta Gioeli na veloz “Gunfire”, um convite à grande tradição de Pell de abrir os trabalhos com o pé no acelerador. Três faixas depois — e algumas bpm a menos —, o tom é de esperança: “A new generation will find a way to the new world”, diz a letra de “The End of the Line”. Na reta final, ideal para quem sonhava e hoje em dia nem dorme mais, “Living in a Dream” — que começa com uma levada meio reggae (!) — conjura a realidade que se vê na TV e se lê nos jornais: “Welcome to the real world, with violence all the day / Riots on the streets and no more children play”.
O título é de música do Whitesnake, mas “Wings of the Storm” soa muito mais como um tributo à outra banda pela qual David Coverdale ficou conhecido, o Deep Purple; reconheça “Stormbringer” no DNA desta aqui. Por fim, a dor de corno “As Blind As A Fool Can Be” preenche a cota de baladas enquanto o single “Bad Reputation” serve como lembrete de por quê o hard é o estilo mais irresistível (e o prazer mais culposo) desse tal de rock ‘n’ roll, além de ser uma prova irrefutável de que muitas vezes menos é mais.
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