REVIEW: Elixir – “Lethal Potion” (Relançamento 2020)


Elixir – “Lethal Potion”

Lançado originalmente em 1990

Classic Metal Records – NAC. – 1h16min


As saídas dos irmãos e membros fundadores Kevin (baixo) e Nigel Dobbs (bateria) às vésperas da gravação do sucessor de “The Son of Odin” (1986) foi um tremendo golpe para o Elixir. Enquanto o produtor Roland Harris (o mesmo de “Entre El Cielo y El Infierno” [1994] do Rata Blanca) tomava um chá de cadeira no estúdio, o vocalista Paul Taylor e os guitarristas Phil Denton e Norman Gordon tiveram de correr contra o tempo à procura de substitutos. Primeiro conseguiram o baixista Mark White, que aprendeu todo o repertório bem depressa. Mais tarde, a sorte voltou a lhes sorrir quando o ex-Iron Maiden Clive Burr (1957-2013) topou gravar a bateria antes de partir para os Estados Unidos, onde se juntaria ao Desperado, supergrupo formado por Dee Snider a partir das cinzas do Twisted Sister.


Ciente de que em 1988 a New Wave of British Heavy Metal já estava em baixa e que os principais expoentes do movimento haviam prosperado justamente por terem americanizado seu som, o Elixir ativou o modo comercial em pelo menos metade do repertório de “Lethal Potion”. Músicas como “She’s Got It” (“She walks like a panther, talks like a cat / Fights like a lion with her claws in your back”, diz a letra que poderia ter sido escrita por qualquer hairband estadunidense), “Louise” e “All Together Again” miram nos fãs de Mötley Crüe, Quiet Riot, Ratt e afins. Por outro lado, “Llagaeran” (com um show à parte de Burr), “Shadows of the Night” e “Edge of Eternity” não nos deixam esquecer que estamos ouvindo um disco produzido na Terra da Rainha. 


Mas essa pressão vendedora não foi a única à qual o quinteto cedeu na época: o disco originalmente teria outro nome (“Sovereign Remedy”) e três músicas a mais, além de uma arte de capa mais condizente com a estética metaleira britânica. Mesmo com a faca e o queijo na mão, a gravadora segurou o lançamento por tanto tempo que quando o disco chegou às lojas quase dois anos depois de gravado, a banda já respirava com ajuda de aparelhos e os fãs que ainda lembravam da existência dela não foram suficientes para tornar o álbum um sucesso em vendas. Onze anos de silêncio se seguiriam até que a formação original anunciasse o retorno às atividades (sacramentado com o excelente “The Idol” [2002]). 


Avancemos três décadas desde aquele fatídico 1990 e cá estamos nós, headbangers deste Brasil varonil, com a oportunidade de ouro de reavaliar e dar o devido crédito que “Lethal Potion” não recebeu na época de seu lançamento. A nova edição em CD assinada pela Classic Metal Records inclui não apenas a trinca vetada – a instrumental “Metal Trance” e as demasiadamente tradicionais para os padrões do álbum “Legion of the Eagle” e “Lost in a Dream” – como também quatro faixas bônus gravadas ao vivo em 2005, incluindo uma versão matadora de “Treachery (Ride Like the Wind)”, o hino supremo do Elixir. No encarte, John Tucker (Dissonance Productions) conta a história completa dos bastidores. Também temos fotos e letras como forma de reforçar a tese de que nada substitui a música em formato físico; é “experiência completa” que fala, né?


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