REVIEW: Evoken – “Hypnagogia” (Relançamento 2020)


Evoken – “Hypnagogia”

Lançado originalmente em 9 de novembro de 2019

Cold Art Industry / Death Cult Records – NAC. – 1h 


De acordo com o Houaiss, hipnagogia é o entorpecimento que precede o sono. Mas essa definição de dicionário não diz tudo: a ciência já comprovou que nas fronteiras entre a vigilância e o descanso há um estado de consciência estranho e fascinante no qual a mente encontra-se fluida e hiperassociativa. Trocando em miúdos, estar meio dormindo e meio acordado é chave para a criatividade; que o digam o pintor Salvador Dalí (1904-1989) e a escritora Mary Shelley (1797-1851), dois adeptos da inspiração proveniente do “dormir sem dormir”. 


Que o diga também o Evoken. Os patronos do death/funeral doom metal estadunidense carimbam seu retorno com uma volta, de certa forma, às origens. “Hypnagogia”, seu sexto álbum de estúdio, é produto da longa “soneca” em sequência ao memorável “Atra Mors” (2012). Aqui, John Paradiso (vocais e guitarra), Chris Molinari (guitarra), Dave Wagner (baixo), Don Zaros (teclados) e Vince Verkay (bateria) se deixam conduzir pela treva dos primórdios da banda ao mesmo tempo em que delegam aos arranjos de cordas um protagonismo como nunca antes visto em 25 anos de carreira. Quem assina a produção é Steven DeAcutis, o mesmo do supracitado “Mors”. 


Para dar match com um instrumental que é pura morbidez, uma temática não menos carregada, que correlaciona os horrores vividos por um combatente na Primeira Guerra Mundial — as letras do disco equivalem ao seu diário no campo de batalha — com experiências pessoais de Verkay nos últimos três anos. Uma vez compreendido esse cosmos particular, é impossível não ouvir o disco se colocando na pele e na alma do cara. E é um caminho sem volta; tão logo você se identifica com uma frase que seja do relato, invariavelmente conclui: somos todos iguais em desgraça.


“Hypnagogia” chega ao Brasil em edição luxuosa e limitada: digipak de três painéis com acabamento aveludado e verniz localizado. Traz ainda um livreto de oito páginas e um pôster frente e verso 24x36cm com a belíssima arte assinada pelo soberbo ilustrador Adam Burke. 


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Comentários

  1. Belo tema e recheado de conhecimento.
    Parabéns Marcelo!

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  2. Ótima colocação. O álbum em si é completamente imersivo e que te leva a reflexão.

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