REVIEW: Pretty Maids - “Undress Your Madness” (2019)

 

Pretty Maids – “Undress Your Madness”

Lançado em 8 de novembro de 2019

Shinigami Records – NAC. – 43min.


“Undress Your Madness”, o décimo sexto álbum de estúdio dos dinamarqueses do Pretty Maids, chegou às lojas em novembro de 2019. Um mês antes, o mundo do rock havia sido pego de surpresa com a notícia de que o vocalista Ronnie Atkins estava com câncer. O tratamento, que incluiu inúmeras sessões de químio e radioterapia em meio à pandemia do novo coronavírus aparentemente não surtiu efeito: em outubro passado, Atkins veio a público comunicar que a doença, iniciada na garganta, havia se espalhado para outros órgãos. 


Com o terço na mão, de joelhos no chão, aguardamos cenas dos próximos capítulos ao som do trabalho que a Shinigami Records teve colhões de trazer para o Brasil. Digo colhões porque o último lançamento da banda em território nacional foi o LP “Future World” no longínquo ano de 1987. OK, podemos forçar a barra e lembrar que já na era do CD o Pretty Maids teve uma faixa incluída na coletânea “Heavy Metal Wars” (1990), mas álbum completo? É justo começarmos a torcer para este ser o primeiro de muitos.


A dobradinha de abertura já indica duas das abordagens que encontraremos no decorrer da audição: enquanto “Serpentine” responde ao peso do instrumental, que inclui um baita trabalho de guitarras da dupla Ken Hammer e Chris Laney, com uma letra igualmente carregada, em tom de denúncia e repleta de acusações e xingamentos, a radiofônica “Firesoul Fly” visa a uma abordagem mais otimista, motivacional, com versos que poderiam compor cartilhas de life coaching ou mandamentos de um dojô de artes marciais. Reunindo em parte o peso da faixa 1 e a temática da 2, aquela que dá nome ao álbum agrega, ainda, um tom confessional: “I fell and slipped my whole life through / But never skipped a chance to shine”, canta Atkins, como se fosse necessário reforçar que seu talento faz as adversidades tremerem na base. 

A possibilidade/esperança de vida (ou melhor, de amor) após a morte dá o tom da quase balada “Will You Still Kiss Me (If I See You in Heaven)”. O índice de breguice vai às alturas no refrão açucarado. Do escritor romano do século IV Vegécio vem a máxima em latim que dá origem ao título “If You Want Peace, Prepare for War”. Mas ao contrário daqueles que simplesmente disparam a frase a esmo em suas redes sociais a título de autoafirmação, o Pretty Maids contextualiza, globaliza, antecipando o pior: “You’ll see history repeat itself”. Então, o ultimato: “Ride a world we cannot save”. Brigar pra quê, minha gente?


“Slavedriver” debruça-se sobre uma modernidade que fãs da velha guarda tendem a repelir. Na sequência, a power ballad “Shadowlands” soa como produto de décadas atrás, inclusive na letra, que resvala no lugar-comum das canções de reconciliação que estamos carecas, mas nunca cansados de ouvir. Passado o devaneio metálico “Black Thunder”, outra balada: “Strength of a Rose” dá o apito final com um refrão que acende isqueiros, lanternas e paixões.


Produzido por Jacob Hansen (Volbeat) e gravado em três estúdios diferentes na Dinamarca, “Undress Your Madness” mantém o pique vitorioso de seus antecessores – “Pandemonium” (2010) e “Motherland” (2013) –, garante a permanência do Pretty Maids na Série A da Frontiers Records e pede volume máximo na escuta. “Get on your wings and ride like a king.” É pra já!


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