REVIEW: Atlantis – “Atlantis” (2020)


Atlantis – “Atlantis”

Lançado em 17 de dezembro de 2020

Classic Metal Records – NAC. – 47min


“80s reborn here nowadays”. De fato, tudo nessa rapaziada cheira a metal anos 80. Formado em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, por dois membros da horda black Spiritus Diaboli – o vocalista/guitarrista Tino Barth e o baixista Fellipe França –, o Atlantis batalhou no underground por quase sete anos até cair nas graças de um selo que apostasse no trio – à época completado pelo batera Bruno Eggert – e viabilizasse o lançamento de seu primeiro full length


A exemplo da maioria dos lançamentos presentes no catálogo da Classic Metal Records, o som do Atlantis baseia-se na New Wave of British Heavy Metal, só que mais especificamente nos primórdios do movimento, antes de o Iron Maiden decolar, condenando nomes como Raven e Tygers of Pan Tang ao segundo escalão e outros, como Fist e White Spirit, ao caixão, confirmando a teoria de Darwin da sobrevivência do mais apto. Com isso, prepare-se para instrumentais elementares calcadas em poucos acordes – mas, ainda assim, com um leve caráter progressivo, vide a razão 7 faixas / 47 minutos –, fraseados de guitarra que muitas vezes remetem a coisas que já ouvimos antes e vocais honestos, que compensam a falta de alcance operístico com a atitude típica de um Paul Di’Anno ou de um John Deverill. 


A capa, assinada por Thiago Boller, mostra Atlântida, o continente perdido, afundando no oceano, segundo Platão, “em um único dia e noite de infortúnio”. A temática apócrifa com um quê de ocultismo – vide o olhar misterioso no canto superior direito – da ilustração reverbera na letra de “Oracul”, que conjura imagens de vampiros e feiticeiras ao mesmo tempo que cita Satanás e a Virgem Maria. Já um forte viés histórico toma conta de “London Ripper” – sobre o infame Jack, o Estripador – e “Quest for Vengeance”, inspirada na Nova York tomada por gangues da segunda metade do século 19. É impossível não lembrarmos do personagem interpretado por Liam Neeson em “Gangues de Nova York” (2002) ao ouvirmos Barth vociferar “Priest’s Dead Rabbits will stand to fight again”


E se o Iron Maiden pôde homenagear “Duna” (1965) em “Too Tame a Land”, presente no álbum “Piece of Mind” (1983), por que não os catarinenses também prestarem sua homenagem a um dos maiores clássicos da ficção científica? Ultrapassando a marca dos 15 minutos, a derradeira “Among the Stars” é um disco dentro do disco; coisa que, nos tempos do vinil, ocuparia um lado inteiro do LP. Se metaleiro fosse, o autor Frank Herbert (1920-1986) ficaria orgulhoso. Mas a que mais empolga o Marcelo de 14 anos, que usava munhequeira de rebite até para ir à padaria, é a imperativa faixa homônima, que conclama os guerreiros para o campo de batalha. Ou devo dizer os headbangers para o rock de sábado à noite do qual estamos todos morrendo de saudade? Enquanto o corona não deixa, “raise your fist in the air” dentro de casa e com responsabilidade!


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