Lemmy goes to Hollywood: os 30 anos de “1916”, do Motörhead

 


Motörhead – “1916”

Lançado originalmente em 26 de fevereiro de 1991

WTG Records – IMP. – 39min


Quatro anos separam o insípido “Rock ‘N’ Roll” de “1916”. Nesse ínterim, o Motörhead lançou seu terceiro ao vivo (“Nö Sleep At All”) antes de romper com a GWR Records, e Lemmy Kilmister trocar o Reino Unido por Los Angeles, estabelecendo-se em West Hollywood, a uma caminhada de distância do Rainbow Bar & Grill, do qual se tornou frequentador assíduo sempre que não estava em turnê. A mudança de ares influenciou no som daquele que se tornaria o nono álbum de estúdio do Motörhead, primeiro pela WTG Records, subsidiária da Epic e lar de nomes pequenos como Johnny Crash, Bonham e Beau Nasty.


Lançado em 26 de fevereiro de 1991, “1916” traz a primeira balada do Motörhead (“Love Me Forever”, regravada por Doro Pesch anos mais tarde), além de instrumentos que jamais pensaríamos ouvir em músicas do grupo, como saxofone em “Angel City” e violoncelo na faixa-título, um doloroso tributo aos jovens soldados mortos na Primeira Guerra Mundial. Mas o rock ‘n’ roll de alta octanagem segue presente, como em “The One To Sing The Blues”, lançada como single, e “I’m So Bad (Baby, I Don’t Care)”, que ganhou videoclipe. Ambas as canções fizeram sua estreia nos palcos antes mesmo de serem gravadas.


Há também um tributo de um minuto e meio aos Ramones (“R.A.M.O.N.E.S.”), que ganharia releitura pelos próprios no derradeiro “¡Adios Amigos!” (1995), e “Going To Brazil” — pense num Chuck Berry doidão de metanfetaminas — feita após a primeira passagem do Motörhead por terras tupiniquins. Documento definitivo da formação que trazia Wizzö, Würzel e Philty Animal, “1916” chegou ao 24º lugar na parada britânica, mas nos Estados Unidos não passou do número 142 na Billboard e ainda perdeu o Grammy para o black album do Metallica em 1992.


Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 26 de julho de 2017.

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