REVIEW: Kiko Shred – “Rebellion” (2021)


Kiko Shred – “Rebellion”

Lançado em 17 de janeiro de 2021

Heavy Metal Rock – NAC. – 49min


O ano começou movimentado para Kiko Shred. Além de ter sido anunciado como novo integrante da banda cult do metal estadunidense Savage Grace, o guitarrista, dono de uma técnica tremenda, chega a seu quarto álbum solo e inaugura outra fase de sua carreira. “Rebellion” marca a estreia de Edu Galdin, que substitui o talentoso embora complicado Mario Pastore. Em entrevista a Sergiomar Menezes do Rebel Rock, Kiko disse que a saída de Mario se deu após o vocalista ter se recusado a gravar a faixa “Voodoo Queen”. Parece bobagem, mas... cada um com suas convicções. Baixo e bateria seguem a cargo de Will Costa e Lucas Tagliari. 


Curiosamente, em termos de letra, a supracitada penúltima faixa de “Rebellion”, um aceno ao estereótipo da mulher fatal tão previamente abordado no rock e no metal, soa quase inofensiva se comparada a algumas de suas antecessoras, que, dilacerantes, traduzem o atual momento pandêmico e levam à reflexão. Do cruel atestado da realidade da faixa-título — “I’m tired to see our people die and no one cares about it at all” — ao necessário brilho de esperança por dias melhores de “Rainbow After the Storm”: “We are going through tough times but it’s gonna be alright soon”. Do tributo aos mortos pela covid-19 implícito em “Honour to the Fallen Brothers” ao manifesto de “Information War”, que chama a era das fake news de nova Idade das Trevas. 



Em “Thorn Across My Heart”, momento mais romântico e, quem sabe, baseado em fatos do disco, Kiko estreita os laços com Yngwie Malmsteen e convida ninguém menos que Doogie White, cantor dos álbuns “Attack!!” (2002) e “Unleash the Fury” (2005) do sueco, para dar um show à parte. “When the show is over and they turn off the lights I found myself in the darkest night”, canta o escocês de 61 anos com a angústia de um jovem que precisa decidir entre a mulher que ama e o trabalho que lhe faz feliz. 


Das dez faixas, apenas três são instrumentais, mas o protagonismo da guitarra é constante até mesmo nos momentos em que o desempenho de Galdin, satisfeito com a condição de intérprete e sem visar à coautoria do material inteiramente assinado por Kiko, compete pelos holofotes. Vale destacar que, mesmo em tempos em que a facilidade e o baixo custo do digital atraem, o músico fez questão de fazer tudo analogicamente, à moda antiga. Para quem ouve música pelo fone de ouvido, a diferença na qualidade é latente. Parece que foi feito na gringa, mas não foi. Fica o exemplo.


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