Os 30 anos de “Electric Rattlebone”, do Blackeyed Susan



Blackeyed Susan – “Electric Rattlebone”

Lançado originalmente em 7 de maio de 1991

Mercury – IMP. – 57min


Em abril de 1990, o vocalista Dizzy Dean Davidson disse adeus ao Britny Fox alegando necessidade de buscar algo que tivesse mais a ver com suas preferências musicais e não perdeu tempo: voltou para a Filadélfia, reuniu o que de melhor havia em suas composições inéditas e chamou Erik Levy (baixo), Chris Branco (bateria) e os guitarristas Tony Santoro e Rick Criniti para finalizá-las. Dessa união surgiu o Blackeyed Susan, cujo disco de estreia levou apenas quatro meses para ficar pronto. Depois de um flerte inicial com a Geffen, o quinteto acabaria assinando com a Mercury às vésperas do Natal — que presentão!


“Electric Rattlebone” saiu no início de 1991 e a crítica, já trabalhando na rejeição às hairbands, pareceu entender o recado e rasgou-se em elogios. A sonoridade aqui é totalmente o oposto do que se ouve nos dois trabalhos que Davidson registrou à frente do Britny Fox, “Britny Fox” (1988) e “Boys In Heat” (1989). O lance pré-fabricado, que visava a apenas atender às expectativas dos empresários e da CBS dá lugar a um rock and roll totalmente enraizado nos anos 70, com direito a slide guitar, gaita, coral gospel, pianos honky-tonk e destaque absoluto para o registro vocal cem por cento honesto e transbordando personalidade. “No Blackeyed Susan vocês me ouvem do jeito que eu sempre quis que ouvissem”, disse o vocalista.



Meses depois, Criniti, outrora tecladista do Cinderella, deu lugar a Jimmy Marchiano, parceiro de John Corabi no Angora. O novato faria sua estreia em uma série de shows realizados ao lado do BulletBoys no lendário Thirsty Whale de Chicago. Na mesma época, a canção “Ride With Me” aparece nos créditos finais do filme “Harley Davidson e Marlboro Man”, estrelado por Mickey Rourke, conferindo ao Blackeyed Susan uma visibilidade que o single e videoclipe “None Of It Matters” foi incapaz de conferir. 


Insatisfeita com o resultado meia-bomba em curtíssimo prazo, a Mercury se livrou do grupo tão rápido quanto o contratou. Um segundo álbum, “Just A Taste”, chegou a ser lançado em K7 em 1992, e quem conseguiu comprar não vende, não troca, não empresta. Com o fim do Blackeyed Susan, Davidson investiu em sua carreira solo, que musicalmente remete a Jeff Buckley e Ryan Adams; um som introspectivo, levemente deprê, que em nada lembra os velhos tempos. Jimmy Marchiano virou meio que braço direito do produtor Kevin Shirley e acompanhou Dean no projeto Love Saves The Day, que lançou seu único álbum, “Superstar”, em 2001. Atualmente, comanda um tributo ao Led Zeppelin chamado Get The Led Out e integra a banda de apoio de Mike LeCompt do Tangier.


Texto originalmente publicado no site Metal Na Lata em 14 de novembro de 2018.


Comentários

  1. à despeito de um suposto "retorno às raizes" de Dean no Blackeyed Susan, este bom album não chega perto aos dois que ele lançou com o Britny Fox, mesmo com a retórica "pré-fabricado, que visava a apenas atender às expectativas dos empresários e da CBS" o que, com o benefício do tempo e da história, é apenas uma meia verdade pois muitos dos artistas dessa época, para tentarem se "descolar" do que eles passaram a julgar como um movimento sem legitimidade ou relevancia, pelo enorme preconceito da crítica, lançam isso como desculpa, o que é uma pena.

    ResponderExcluir

Postar um comentário