REVIEW: Perfect Plan – “Time for a Miracle” (2020)

 

Perfect Plan – “Time for a Miracle”

Lançado em 4 de setembro de 2020

Shinigami Records – NAC. – 55min


O poeta francês Alfred de Musset (1810-1857) é autor de um verso que tem tudo a ver com bandas tipo o Perfect Plan: “Qu’importe le flacon, pourvu qu’on ait l’ivresse.” Em bom português, “pouco importa a garrafa, desde que fiquemos embriagados.” É fato que a falta de um visual mais chamativo pode levar os partidários do hard rock enquanto música para se ouvir com os olhos a torcer o nariz para os suecos, mas basta apertar o play em “Time for a Miracle”, segunda e mais recente empreitada dos caras — lançada no Brasil em tiragem limitada em 300 cópias pela Shinigami Records —, para que a qualidade musical surpreenda e convença.


O pontapé inicial é dado com a faixa título. Após um minuto e meio em que bateria, guitarra e teclados vão se entrelaçando até que o riff principal da música tome forma, Kent Hilli, também integrante do Restless Spirits, começa a versar à Joey Tempest sobre o soldado que, agonizando em campo de batalha, cai em si de que só se vive uma vez e começa a rezar por um milagre. Não é comum ao AOR botar o dedo na ferida e instigar a reflexão, e só por esse misto de incômodo e assombro da música de abertura o Perfect Plan se revela opção diferenciada e aposta certeira.


Mais adiante, alguns pré-requisitos dos discos de AOR são preenchidos com louvor. Baladas temos duas: “Fighting to Win” e “Don’t Leave Me Here Alone”. Em “Nobody’s Fool” rola um leve aceno ao Southern Rock e a uma “whole lotta lady” que não vale nada e ainda assim serve de musa inspiradora. 


No restante do álbum, embora haja menor ousadia nas temáticas e maior conservadorismo na abordagem e nas imagens mentais que as letras projetam — e o uso excessivo da palavra “baby” —, o bom gosto nas timbragens, o apelo dos refrães e tudo ser meticulosamente bem tocado fazem do disco coisa agradabilíssima não apenas para iniciados na fatia mais melódica do rock, mas também para ouvintes casuais, aqueles que estão só de passagem ou caíram de paraquedas devido ao algoritmo de sua plataforma de streaming favorita. Em dias como os de hoje, a capacidade de conquistar o sujeito fora do nicho é o maior trunfo que uma banda pode ter. E é muito mais fácil fazer isso quando não se possui o tal visual chamativo. Parece que o jogo virou, não é mesmo?  


Além do já citado Hilli, o Perfect Plan conta ainda com o guitarrista Rolf Nordström, o tecladista Leif Ehlin, o baixista Mats Byström — embora seu antecessor P-O Sedin apareça nos créditos como compositor — e o baterista Fredrik Forsberg. Na discografia, antes de “Time for a Miracle” constam “All Rise” (2018) e o EP de covers “Jukebox Heroes” (2019), ambos lançados pela Frontiers Records. Fica a dica para a Shinigami caso as 300 cópias de “Time” tenham boa saída!


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