REVIEW: Sad Theory – “Entropia Humana Final” (2017)


Sad Theory – “Entropia Humana Final”

Lançado em 27 de dezembro de 2017

Mindscrape Music – NAC. – 1h13min


Ao abrirmos a caixinha acrílica de “Entropia Humana Final” damos de cara com a máxima “Uma única morte é uma tragédia; um milhão de mortes é uma estatística” atribuída a Stálin. Mas antes que macartistas do século 21 e patrulheiros da orientação política alheia cornetem, frisemos que nenhuma bandeira é hasteada no ainda mais recente trabalho do Sad Theory. Para que não reste dúvida, a banda mesmo escreve no encarte: “os eventos descritos são mostrados como tragédias humanas, não como declarações políticas.” 


Enquanto dão os últimos retoques ao vindouro “Léxico Reflexivo Umbral” — álbum conceitual inspirado na série Black Mirror da Netflix com lançamento previsto para o segundo semestre —, os curitibanos seguem divulgando aquele que, embora lançado em 2017, possui conteúdo para ser explorado e comentado por muito tempo. Não que mergulhos em águas profundas sejam inéditos nas mais de duas décadas na ativa, mas a diversidade de panos de fundo em “Entropia” é tão vasta quanto vertiginosa e assustadora. Em comum entre eles, apenas o fantasma da guerra, e na raiz de todo o mal, o ser humano que não aprendeu a ser humano. 



Dito isso, pode-se atribuir à musculatura intelectual de letras como a de “Inanição” — inspirada no Holodomor, a grande fome que causou a morte de milhões de ucranianos em 1932 e 1933 — e a de “Punhais Longos, Cortes Profundos” — sobre o expurgo nazista de 1934 conhecido como Noite dos Longos Punhais — o que faz a semente do Sad Theory brotar na terra por vezes erma do metal extremo. Sob o som que equivale a uma besta-fera prestes a consumir seu mestre em chamas, uma poética incomum, de rico vocabulário, obtido por meio de muita leitura e pesquisa. 


O grande responsável por isso é o guitarrista solo Alysson Ilara, que também assina produção, mixagem, masterização e o grosso dos arranjos. Embora seu instrumento ocupe a linha de frente, o urro abismal de Claudio “Guga” Rovel — contrabalanceado pelo canto limpo de Guilherme “Luxyahak” Medina na supracitada “Inanição” num inesperado e bem-vindo yin-yang — e a solidez da base estabelecida por Wenttor Collete (guitarra base), Daniel Franco (baixo) e Jefferson Verdani (bateria) mostram-se fundamentais não apenas no contexto do CD em si, mas no amplo espectro de reconhecimento do qual o Sad Theory se mostra merecedor. Grande banda que você precisa conhecer.  


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