RESENHA: Volkana – “Mindtrips” (Relançamento 2021)


Volkana – “Mindtrips”

Lançado originalmente em 1994

Classic Metal Records – NAC. – 36min (CD) / 34min (DVD)


Quando o Volkana trocou Marielle Loyola por Claudia França, abriu mão de uma vocalista que era pura atitude no palco em favor de outra que, compositora de mão cheia, elevou o padrão das letras do grupo. Mas essa não foi a única mudança ocorrida na formação nos quatro anos que separam “First” (1991) de “Mindtrips” (1994): nesse ínterim, além da efetivação do baterista Sérgio Facci, a entrada de Selma Moreira na guitarra solo. Karla Carneiro (guitarra base) e Mila Menezes (baixo) seguiram dando as cartas e tendo a palavra final nas tomadas de decisão. 


Dispondo de uma verba a mais e com uma estrutura mais bem-definida — leia-se empresários, advogados e todos aqueles que garantem o funcionamento nos bastidores —, o quinteto voou para o Rio de Janeiro e gravou seu segundo álbum na Cidade Maravilhosa sob o olhar atento de Mayrton Bahia, produtor mais conhecido por seu trabalho com a Legião Urbana. 



A diferença na qualidade da gravação é notável, e em matéria de som o quinteto parece ter limitado seu horizonte de referências ao Metallica do black album — preste atenção no timbre das guitarras —, ao Megadeth de “Rust in Peace” (1990) — França incorpora o vocal de Dave Mustaine na mesma proporção que Moreira lança mão de fraseados à Marty Friedman — e ao à época recém-chegado Pantera; “Off My Back” é o tipo de letra que Phil Anselmo submeteria aos irmãos Abbott enquanto “Goodbye”, com participação de Frank Gosdzik, guitarrista com passagem por Sodom e Kreator, é a mais perfeita tentativa de replicar “Walk” já feita por uma banda brazuca. 


Embora “Wake Up” contenha o melhor solo e “Living Hell” com suas menções a um horror tátil e a entornos devastados pareça ter sido escrita em 2021, “When 2 Are 1” leva a melhor na contenda pelo destaque do CD. A quase balada é o ponto fora da curva do repertório, com dedilhado limpo e uma sensibilidade — não confundir com frouxidão — incomum a bandas como o Volkana. A acessibilidade a ouvintes fora do nicho também não pode ser menosprezada.



Com cheiro de tapa buraco, o cover de “Whole Lotta Love” do Led Zeppelin só não é mais desnecessário que o da manjadíssima “I Love Rock ‘N’ Roll” de Joan Jett que vem logo na sequência, já entre as bonus tracks. No DVD, a íntegra da apresentação da banda, já com Marielle de volta ao microfone, no dia 22 de agosto de 2009 no Blackmore Rock Bar em São Paulo, filmada com uma câmera. São tocadas quatro faixas de “First” — sendo que rola um repeteco de “Descent to Hell” no bis — e de “Mindtrips” apenas a faixa título. E tome mais covers: “Pet Sematary” dos Ramones e “Man in the Box” do Alice in Chains, a banda grunge que os troo aceitam sem fazer beicinho. 


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