RESENHA: Michael Schenker Group – “Universal” (2022)

 


Michael Schenker Group – “Universal”

Shinigami Records – NAC. – 52min


Michael Schenker não está para brincadeira. Sua produção nos últimos anos beira escalas industriais, e o calibre e a quantidade de convidados a cada novo trabalho é sempre um golpe de estupefação nas nossas expectativas. No recente “Universal”, ao núcleo formado por Schenker, Ronnie Romero (vocais), Barend Courbois (baixo), Bodo Schopf (bateria) e Steve Mann (teclados) junta-se uma turma de primeira: os vocalistas Gary Barden, Michael Kiske, Michael Voss e Ralf Scheepers; os baixistas Barry Sparks e Bob Daisley; os bateristas Bobby Rondinelli, Brian Tichy e Simon Phillips; e o tecladista Tony Carey.


Mas o grande mérito de Schenker por aqui é provar por A + B que um elenco estelar não seria nada sem um repertório que lhe permitisse brilhar com cintilação máxima. Dito isso, parte de “Universal” faz jus à lógica: canções bem-estruturadas, musicalmente não só interessantes como empolgantes e marcantes. E com um “plus a mais”: as seis cordas indefectíveis do cara que empunha a Flying-V mais icônica que há. 


Homenagem a Ronnie James Dio, “A King Has Gone” — precedida por um instrumental de Carey denominado “Calling Baal” — talvez seja a mais importante de todas; na letra, referências a “Stargazer”, “Gates of Babylon”, “Heaven and Hell” e “Holy Diver” são arrematadas com versos tão poderosos quanto verdadeiros: “Bringing the hymns to our nation / With the magical voice of salvation”.


O mana gasto no carro-chefe foi tanto que os mantras de (des)amor e (des)esperança “Long Long Road” e “Wrecking Ball” soam vazios e previsíveis. Felizmente, quando o assunto é sério — e pode crer que a pandemia desempenhou papel fundamental nessa escrita —, somos brindados com letras caprichadas, como “Yesterday Is Dead” e “Sad Is The Song”; essa com Romero mostrando porque é um dos predestinados da atual geração de cantores de rock e metal. Ouça a coroa e o cetro real irem parar em suas mãos no dueto com Barden em “The Universe” e tenha fé: os dias de “Steve Lee da Shopee” podem estar ficando para trás. 


Voltando ao rol das homenagens, “London Calling” — nenhuma semelhança com a faixa homônima lançada pelo The Clash em 1979 — trata da British Invasion, de onde surgiram os artistas e grupos que formaram o caráter e moldaram o gosto musical de Schenker e muitos de seus contemporâneos. 


A presente edição nacional lançada pela Shinigami Records inclui ainda duas bonus tracks: “Turn Off The World” (sempre bom ouvir roqueiros da velha guarda assumindo posturas afrontosas em relação aos poderosos) e “Fighter”, cuja linha final é talvez a grande lição que Schenker, que já comeu o pão que o diabo amassou com bebida e drogas, tem para ensinar: “Surrender is only for the weak”.


Adquira o CD na loja oficial da Shinigami Records.


Comentários