ENTREVISTA: Lucas Coelho fala sobre “Siga em Frente”, o novo EP do Klinsh

 


Quatro anos após a estreia com o EP “A Soma de Todos os Dias”, o carioca Klinsh está de trabalho novo na praça. Lançado em 18 de março em todas as plataformas digitais, “Siga em Frente” traz seis novas faixas que mantêm a pegada de rock plural e livre de rótulos pela qual membros Lito Ferreira (vocal), Lucas Coelho (guitarra), Everton Freitas (guitarra), Rodrigo Paixão (baixo) e Jorge Braz (bateria) vêm pautando seu caminho na cena alternativa. Na qualidade de único integrante da formação original ainda presente, Lucas respondeu às minhas perguntas, lançando alguma luz na trajetória da banda; no conteúdo lírico de “Siga em Frente” — que inclui até uma letra inspirada em romance espírita —; e na importância de um bom plano de metas para a carreira. Boa leitura!


Fotos: Fernanda Micky / Divulgação


Marcelo Vieira: Embora o Klinsh tenha começado em 2010/2011, parece que a coisa só começou a andar a partir de 2018/2019. Eu queria, antes de mais nada, entender o porquê desse lapso temporal. 

Lucas Coelho: Sempre falo que o Klinsh tem uma origem longa com uma história curta justamente por isso. Em 2010/2011 foi a fase embrionária da banda, quando eu, meu tio Claudio e um grande amigo meu do colégio, Michael, de fato começamos a tocar juntos e compor as músicas. Desde aquela época foi muito difícil arranjar um baterista fixo, seja por falta de comprometimento, seja por questões de estilo. Isso dificultou o desenvolvimento de um trabalho coeso e de boa qualidade. Depois de algum tempo e de vários bateras, encontramos o Lito, hoje nosso vocalista, que firmou com a gente e nos permitiu andar com mais segurança. Daí o Michael se mudou para outro estado e o Claudio resolveu sair. Por isso esse tempo tão prolongado. 


MV: A banda lista como influências nomes do rock de todas as épocas e o EP evidencia isso muito bem. Para você, essa possibilidade de agradar a diversos públicos seria o grande atrativo musical da banda?

LC: A meu ver, o maior problema no mundo do rock hoje é a necessidade de rotular e definir, como se isso fosse mudar em alguma coisa a experiência que você tem ao ouvir uma música. Música é gosto; não existe certo ou errado. Você pode gostar de Queen e de Sepultura. Rótulos são meios simplistas de definir algo sem conhecer. Ouça com atenção, experimente; quem sabe você não gosta? Dito isso, acredito que nosso maior atrativo é justamente esse que você apontou: diversos estilos numa mesma banda. No EP temos baladas, hard rock, blues e por aí vai. Não ligamos para rótulos; só queremos tocar aquilo que a música pede e o que estamos curtindo e sentindo no momento. Nossa música se dá a partir de misturas.

 

MV: Bandas de rock mais pesado que se propõem a cantar em português costumam enfrentar a resistência do público mais habituado com letras em inglês. Esse é um ponto com o qual vocês se identificam? Tipo, chegaram a tentar escrever em inglês já? 

LC: Nunca pensamos em escrever em inglês. Entendemos que isso pode ter suas facilidades, porém acredito que a mensagem é mais importante do que o idioma escolhido. Nossa preocupação sempre foi passar uma mensagem com a qual as pessoas se identifiquem. Tocar as pessoas. A melhor recompensa, para mim, é ouvir: “essa música de vocês parece que foi feita para mim”; “essa música de vocês me ajudou a superar tal coisa”; e por aí vai. 



MV: As letras do EP, a meu ver, são nitidamente crônicas; relatos inspirados em situações do dia a dia vividas por vocês ou por pessoas que conheceram. Estou certo nessa avaliação? 

LC: Sim, a maior parte das letras resulta de experiências do dia a dia. A letra de “Siga em Frente” foi inspirada em uma amiga do vocalista que estava passando pelo fim de um relacionamento. A de “O Outro Lado” complementa, no meu entendimento, a de “Siga em Frente”, pois fala de uma mulher que chega e transforma a vida do parceiro. A letra basicamente fala de uma pessoa que tem sua vida e suas convicções modificadas quando encontra o amor. O “021” de “Garota 021” pode representar tanto o século em que estamos como também o DDD da cidade do Rio de Janeiro. O título reflete o que a letra retrata: uma garota dos dias de hoje, com seus gostos, seu estilo e sua atitude. “Será que Ela Vai Voltar?” é a minha favorita. Foi inspirada no livro “Violetas na Janela”, da autora Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho. O romance fala de uma mãe que perde a filha para uma doença, porém conta, sob a ótica da filha, que o amor entre elas continua as unindo; que o amor é um sentimento capaz de transcender a vida e sempre nos manter conectados. 


MV: Uma coisa que diferencia o Klinsh da maioria das bandas de som parecido é a onipresença da guitarra solo, o tempo inteiro provendo texturas, arremates, enfeitando os versos com fraseados e licks. Quais são os nomes das seis cordas que mais te inspiraram e ainda inspiram?

LC: Slash foi o cara que me fez querer tocar guitarra; Eddie Van Halen é impossível deixar de fora; John Sykes me fez ganhar minha primeira guitarra por ter tirado o solo de “Love Ain’t No Stranger”, do Whitesnake; Kiko Loureiro, pois Angra é vida; e Zakk Wylde. Quem olha esse cara tocando e não se impressiona é doido! [Risos.] Menção honrosa e inusitada ao Daita Itoh, da banda japonesa Siam Shade. 


MV: O EP tem seis faixas. Quem for assistir a um show do Klinsh será surpreendido com covers para preencher o repertório? Quais músicas dos outros vocês costumam tocar?

LC: Devo dizer que não as tocamos como as originais; fazemos nossas próprias versões, então as pessoas vão ouvir muita coisa nostálgica com outra pegada. “Agora Eu Sei”, do Zero; “Hoje”, do Camisa de Vênus; e algumas de Titãs e Barão Vermelho que não vou revelar quais são para que as pessoas vão aos shows e descubram!



MV: Você concorda que quem está no rock é para se f#der? Explico: apesar de todos os perrengues, de o negócio não ter um retorno financeiro tão consistente ou imediato, ainda assim vale a pena? 

LC: Concordo 100%, mas com um adendo: tudo depende da forma que você encara a sua banda e os seus objetivos com ela. Nosso maior motivador é a nossa vontade de fazer música. Depois, o feedback das pessoas que gostam e se identificam verdadeiramente com o som. Nós, do Klinsh, temos nossos empregos e não contamos com a banda para viver. Sendo assim, estamos tocando por amor à camisa, por querermos fazer algo com a nossa cara. A banda é o nosso futebol de domingo. Levamos a sério, mas sem esperar grandes retornos financeiros. Se vier, melhor ainda, mas ficamos felizes com qualquer coisa que vier de bom. Se você entra nessa sonhando em ser rockstar ou ganhar dinheiro, o caminho é mais longo, árduo e você talvez não chegue lá. Toda frustração é proporcional às expectativas que são criadas.

 

MV: 2023 está logo aí. O que está nos planos da banda caso a normalidade permaneça e os shows continuem acontecendo?

LC: Esperamos fazer o maior número de shows possível! Quanto mais, melhor. Queremos divulgar bastante o EP e começar a compor músicas para o próximo. Também queremos gravar um clipe e lançar um ou alguns lyric videos. 



Ouça o EP “Siga em Frente” em:

Spotify: https://spoti.fi/3CxSynM

Deezer: https://bit.ly/3I7iF5Y

YouTube: https://bit.ly/3CzTmIB

Amazon: https://amzn.to/3qmSUbK

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