RESENHA: Heavy Feather – “Mountain of Sugar” (2021)

 

Heavy Feather – “Mountain of Sugar” (2021)

Hellion Records – NAC. – 37min

Desde a primeira luz da manhã a Hellion Records tem por missão apresentar ao público consumidor de CDs do Brasil artistas e bandas do tipo “muito talento, pouca mídia”. Em se tratando de vocais femininos, foi devido ao empurrãozinho dado pelo selo que nomes como After Forever, Epica, Lacuna Coil e bem mais recentemente o Lucifer caíram nas graças dos brasileiros fãs de rock e metal. E essa história está longe de acabar. 

Prestes a completar 33 anos de atividades, o selo estabelecido em São Paulo capital segue apostando na força da mulher. Ao distribuir “Mountain of Sugar”, segundo álbum do sueco Heavy Feather, a Hellion inclui em seu catálogo um dos grupos de blues rock mais interessantes surgidos na década passada. 

O retrato em sépia na capa denuncia o fundamento sonoro: um remonte aos anos 1960 e 1970, com a vocalista Lisa Lystam exibindo a Janis Joplin presente em seu DNA no single “Bright in My Mind” e permitindo associações a vozes menos conhecidas, como Alannah Myles, na faixa homônima ao disco e na arrepiante balada de contornos psicodélicos “Let It Shine”.

Mas não é só a loira que desfila boas influências: construída a partir de um riff que é a cara de Ritchie Blackmore, “Too Many Times” soa como um power trio de stoner — Matte Gustafsson (guitarra), Morgan Korsmoe (baixo) e Ola Göransson Wedin (bateria) — prestando tributo ao Deep Purple. Detalhe curioso: “Sometimes I Feel”, a mais comercialmente viável das 11 músicas, traz Gustafsson no vocal principal. 

Por fim, ignoremos o fato de a abertura “30 Days” cruzar a linha tênue que separa homenagem de plágio ao basicamente mimeografar “30 Days in the Hole” do Humble Pie: a trinca “Lovely Lovely Lovely”, “Rubble & Débris” (com show à parte de Göransson Wedin) e “Asking in Need” (Linda Ronstadt, é você?) é uma das melhores retas finais de álbum registradas nos últimos anos.

Compre o CD na loja oficial da Hellion Records.