Com apenas alguns anos de estrada, a banda paulistana Urdza tem chamado atenção no cenário do metal nacional com seu heavy/thrash metal de pegada tradicional e muita honestidade. Formada por músicos com longa trajetória pessoal na música, mas ainda jovens no mercado autoral, o grupo já acumula conquistas de respeito: o álbum de estreia “A War with Myself”, shows de abertura para nomes como Saxon e Angra, e parcerias com profissionais de peso como Thiago Bianchi e Leandro Caçoilo.
Conversei com Heitor Prado (vocal) e Hugo do Prado (guitarra), irmãos e fundadores da banda, que contaram sobre a trajetória da Urdza, os desafios de transformar um sonho em realidade e o que o público pode esperar dos próximos passos.
De banda cover a metal autoral
Fundada em 2017 como uma banda cover, a Urdza passou por um processo natural de amadurecimento até abraçar as composições próprias. A entrada de Hugo no time foi determinante para essa virada.
“Queríamos algo a mais, faltava algo”, relembra Heitor. “Teve um show que o flyer era nosso nome com a foto do Iron Maiden. O pessoal chegava e falava ‘O Bruce tá diferente’ e aquilo me deixou muito pensativo se era isso que eu queria como músico.” O incômodo virou motivação e, pouco tempo depois, vieram as primeiras composições. “A transição foi muito suave, em um domingo eu tocava várias músicas que não eram minhas e na segunda eu só sabia cantar dez”, brinca o vocalista.
Sintonia familiar e som próprio
Além da parceria musical, os irmãos Heitor e Hugo compartilham o entrosamento natural de quem cresceu junto — algo que, segundo eles, influencia diretamente no som da Urdza.
“Às vezes a gente se olha e já sabe o que o outro quer dizer ou como quer se expressar”, conta Heitor. “Temos um jeito único de criticar uma ideia ruim, que vira piada e acaba deixando o clima leve. Acho isso sensacional.”
O resultado é um heavy metal com toques de thrash, influenciado por gigantes como Iron Maiden, Judas Priest, Metallica e Megadeth, mas sem forçar a barra. “As músicas saem de forma muito natural, sem tentar soar como nada específico, mas ainda assim tudo fica coeso”, explica Hugo. “O diferencial é justamente isso, além de ser um estilo que hoje tem poucas bandas novas explorando.”
- Assista ao videoclipe de “Rising from the Fire” no YouTube.
- Assista ao videoclipe de “Wrath of God” no YouTube.
Cena paulistana e os desafios do underground
Apesar da tradição de São Paulo no metal, o cenário para bandas autorais continua desafiador. Mas a Urdza enxerga o copo meio cheio.
“É incrível que no mesmo dia você pode ver uma banda gigante em um estádio e outra começando num bar”, destaca Heitor. Para ele, a união entre as bandas e o foco em divulgar o próprio trabalho nas redes são fundamentais. “Vejo muita banda excelente que peca na forma de distribuir o material. Falta investir mais nisso, mesmo com as dificuldades do dia a dia.”
Primeiro álbum e parcerias de peso
O debut “A War with Myself”, lançado em 2023, representa um marco para a banda. “É uma sensação de frio na barriga, mas de plenitude de ter feito o melhor trabalho que podíamos”, afirma Heitor, que escreveu a faixa-título ainda na adolescência.
Para transformar as ideias em realidade, a banda contou com a produção de Thiago Bianchi e a mentoria de Leandro Caçoilo, nomes consagrados do metal nacional. “O Leandro virou praticamente o sexto membro da banda”, diz Heitor, fã declarado do vocalista. “A mentoria dele foi muito importante para eu me encontrar como vocalista. Sem dúvidas, o melhor do Brasil.”
Inspirações e referências além da música
Além das influências sonoras clássicas, a Urdza também buscou inspiração em outra paixão: o jogo Magic: The Gathering. Algumas músicas do álbum, como “Dark Ritual”, “Wrath of God” e “Sign in Blood”, nasceram a partir de referências ao universo do card game.
“Jogo Magic desde 2000 e isso faz parte do que sou”, conta Hugo. “Buscamos referências em cartas que tinham uma temática interessante por si só, sem necessariamente seguir a história oficial do jogo.”
- Assista ao videoclipe de “Dark Ritual” no YouTube.
- Assista ao videoclipe de “Living in Fear” no YouTube.
Do estúdio aos grandes palcos
Mesmo com pouco tempo de estrada no formato autoral, a Urdza já teve experiências de respeito, como as aberturas para o Saxon. “Parecia loucura, era nosso terceiro show autoral”, lembra Heitor. “Mas o público nos abraçou muito, foi inesquecível. E ver o Biff [Byford] nos observando do backstage… congelei, mas deu certo”, diverte-se.
Agora, o desafio será abrir o show do Angra, uma das grandes inspirações da banda, na turnê de 20 anos do álbum “Temple of Shadows”. “Até pouco tempo eu era o cara na fila do show, agora vou dividir o palco com eles!”, celebra Heitor. “Queremos que o público veja que é possível chegar lá.”
O que vem pela frente
Apesar das conquistas, os irmãos garantem que a jornada da Urdza está apenas começando. “O próximo disco vai vir bem mais forte”, promete Heitor. A banda já trabalha em novas composições, embora o foco atual seja consolidar o nome e divulgar o álbum de estreia.
Além disso, estão previstas apresentações, videoclipes e a participação na feira Conecta+, em setembro, em São Paulo. “Vamos distribuir material e sortear um item que com certeza vai chamar atenção”, antecipa Hugo.
Com a energia e a paixão evidentes em cada passo, a Urdza segue provando que talento, planejamento e uma boa dose de sonho ainda fazem diferença no metal nacional.
Serviço:
Angra + Urdza no Santo Rock Bar em Santo André/SP
Data: 09 de julho
Local: Santo Rock Bar – Santo André/SP
Ingressos: http://www.ingressosrock.com
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