ENTREVISTA: Marenna celebra uma década de estrada com energia renovada, novo álbum e olhar voltado para o futuro

 


Com o lançamento de “Ten Years After” pela Classic Metal Records, o Marenna não apenas comemora seus dez anos de atividade como também consolida uma fase marcada por maturidade musical, reconhecimento internacional e conexão emocional com seu público. Conversei com o vocalista e fundador Rod Marenna, que relembrou momentos marcantes da carreira, comentou os desafios enfrentados ao longo da trajetória e antecipou os próximos passos da banda. 

Boa leitura!


Por Marcelo Vieira

Fotos: Roger Clotz / Divulgação


O álbum “Ten Years After” celebra uma década de estrada da banda. Olhando para trás, quais momentos você considera os mais marcantes dessa trajetória?

Primeiramente, muito obrigado pelo espaço, e muito obrigado a todos que estão lendo esta entrevista. Para a gente, é sempre gratificante olhar para trás e perceber que nosso trabalho se consolida a cada dia.

Falando pessoalmente, acho que o lançamento do projeto em 2014 é um marco importante, pois foi a partir disso que chegamos até aqui. Também gosto de destacar termos sido finalistas do concurso mundial Sweden Rock Festival Competition em 2014/2015, onde terminamos em nono lugar no mundo.

Depois vieram os contratos com a Lions Pride Music para os álbuns “My Unconditional Faith” (2015) e “No Regrets” (2017), os shows de abertura ao lado de grandes nomes do rock como Scorpions, Geoff Tate e Eric Martin, além da apresentação no palco principal do Capital Moto Week representando o RS, e a turnê pela Europa.

Acho que todos esses fatos são relevantes, principalmente por sermos uma banda independente do interior do Rio Grande do Sul, onde tudo costuma ser um pouco mais difícil por diversos fatores. Mas acredito que estamos no caminho certo.


Além do repertório ao vivo, o disco traz duas músicas inéditas, “Runaround” e “How Long”, que foram gravadas de forma remota. Como foi essa experiência e o que essas faixas representam na nova fase do Marenna?

De certa forma, a banda atua remotamente desde 2021, no período pós-pandemia, já que eu e o Edu [Lersch, guitarrista] moramos em Caxias do Sul e o restante da banda está na região de Porto Alegre. Nosso trabalho passou a ser todo organizado à distância, o que facilitou colaborar com o Henrique [Canalle, produtor] nestas duas faixas.

O vocabulário musical dele estava totalmente alinhado com o que imaginávamos nos arranjos. Ele foi praticamente um sexto elemento nesse processo. A experiência foi muito interessante e já se mostra válida para futuros trabalhos.

Basicamente, enviamos uma guia com melodia vocal e guitarra, e ele entendeu as referências e o contexto, devolvendo uma prévia com bateria sequenciada, baixo e algumas linhas de teclado. A partir disso, ajustamos letras, melodias, arranjos e gravamos as partes finais nos estúdios Black Stork (bateria e baixo), Linha Sonora (vocais), além de home studios para guitarras e teclados. O Henrique fez toda a edição e finalização.

Queríamos soar como uma continuação do que fizemos no “Voyager” (2022), mas com mais solidez e modernidade — esse é o caminho que seguiremos.

“Runaround” fala de resistência, resiliência, de se perder e reencontrar, dos conflitos diários entre ir e deixar ir. Já “How Long” aborda os limites humanos, até onde iríamos uns pelos outros, e a contradição da tecnologia que nos aproxima e, ao mesmo tempo, nos desconecta como pessoas.


“Ten Years After” também serve como um registro da formação atual da banda. O que esse line-up trouxe de novo em termos de química, som e energia?

Sim! Como os álbuns de estúdio anteriores tinham participações especiais, a ideia foi justamente registrar o “momento” da banda com essa formação, captando a energia do grupo ao vivo.

Todos [Luks Diesel (teclados e backing vocals), Bife (baixo e backing vocals) e Arthur Schavinski (bateria e backing vocals)], com exceção do Edu — que entrou em 2021 —, estão comigo desde 2019. Fomos descobrindo, ano após ano, nossa maturidade individual e como grupo. Acredito que vivemos um ótimo momento e espero que possamos continuar juntos por muito tempo ainda.


Jonas Godoy e o já citado Henrique Canalle, que assinam a produção do novo trabalho, são nomes consolidados no mercado. Como foi trabalhar com eles e qual o impacto disso no resultado final?

Trabalhar com o Jonas é sempre ótimo — ele está comigo desde o início. Nosso último trabalho juntos tinha sido a finalização do “Voyager”, em 2022. Temos uma fluidez muito boa, e ele sempre traz novas referências e melhorias nos processos.

Já o Henrique foi uma grata surpresa. Sua comunicação clara, direcionamento assertivo, vocabulário musical e equipamentos fizeram muita diferença. Com certeza, sua contribuição foi essencial.


Como a capa do álbum, criada por João Duarte, traduz o momento atual da banda e a proposta do disco?

Criamos o briefing e o esboço inicial, e o João Duarte conseguiu traduzir todos os pontos importantes. O “X” em forma de artefato espacial representa os 10 anos da banda.

Sempre gostei do tema de viagem no tempo/espaço, física quântica etc. A ideia era representar essa marca como se uma nave tivesse se rebelado e se soltado da nave-mãe para seguir sua própria jornada.

As luzes azul e laranja representam a dualidade humana — bem e mal, frio e calor — e simbolizam nossos conflitos internos.

Na parte interna, usamos fotos inéditas das apresentações e mensagens exclusivas para quem tem o CD físico. Acho que cada mídia pode proporcionar uma experiência diferente. Por que não usarmos isso para nos conectarmos com quem valoriza o formato físico? [Risos.]



O Marenna tem uma trajetória consistente fora do Brasil. Como você vê esse reconhecimento e quais os próximos passos?

Esse mercado é muito nichado. O grande desafio é chegar até o público consumidor do gênero. Mas é um trabalho que se consolida ano após ano.

Ainda estamos divulgando o álbum e buscando parcerias com produtoras e jornalistas do exterior para alcançar mais pessoas. A ideia é lançar mais campanhas até o fim do ano, relançamentos e novos clipes — todos neste semestre.


Você mencionou que a banda já dividiu o palco com nomes como Eric Martin, Geoff Tate e Scorpions. Qual dessas experiências foi a mais desafiadora ou emocionante?

Tocar com artistas internacionais de renome é sempre desafiador. As exigências de produção são grandes — horários, estrutura, equipe… e você precisa estar preparado para qualquer cenário.

Mas o show com o Scorpions, na turnê de 50 anos da banda, diante de quase 10 mil pessoas, foi o mais marcante até agora. Naquele momento, um filme passou na minha cabeça: comecei tudo isso sozinho, no sofá da minha casa, escrevendo “You Need to Believe”, só para lançar no YouTube. Hoje, estamos aqui, lançando álbuns, fazendo turnês, clipes na TV, tocando com lendas. Só posso ser grato.


O hard/melodic rock da banda carrega uma proposta de elevar a autoestima e tocar o emocional. Como você enxerga esse poder transformador da música?

Escrevo para quem enfrenta batalhas diárias, para quem busca sentido e conexão. Minhas músicas são feitas para quem não aceita ser manipulado e procura ressignificar seus dias.

Acredito que, em cada faixa do Marenna, as pessoas podem encontrar respostas, gatilhos emocionais que fazem diferença. Nunca foi só música — sempre foi mensagem.

Recebo muitas mensagens de fãs dizendo: “Essa música conta minha história” ou “Me lembra alguém que já se foi”. A música tem esse poder!


A carreira da banda passou por obstáculos como pandemia, mudanças na formação e adiamento de uma turnê europeia. Como você se manteve motivado?

Usei tudo isso como combustível para criar novas músicas e buscar conexão, em vez de me desconectar. Sempre penso que há alguém lá fora esperando por uma mensagem de conforto.

Nos apoiamos uns nos outros e focamos em sobreviver a tudo o que estávamos passando. Muitas pessoas não tiveram a mesma sorte. Só podemos agradecer, focar e seguir em frente.


Além do trabalho com a banda, o Marenna-Meister [com o guitarrista Alex Meister] também repercutiu entre os fãs. Há planos para retomar o projeto?

Sim, haverá um segundo capítulo. Pretendemos trabalhar melhor essa fase. Nosso álbum saiu em meio à pandemia, e as coisas poderiam ter sido mais bem organizadas. Mas no momento certo, vamos retomar. Prometo que, quando a hora chegar, você será um dos primeiros a saber! [Risos.]


Depois desses dez anos de história e com o novo álbum em mãos, o que o público pode esperar dos próximos passos do Marenna?

Ainda estamos promovendo “Ten Years After”, mas em breve retornaremos ao estúdio para escrever novas músicas. Em 2025, a ideia é lançar mais um trabalho e realizar uma nova turnê.

Ainda teremos alguns relançamentos e clipes neste semestre. Musicalmente, seguiremos a linha que viemos construindo nos últimos três anos: melodic rock puro!

Agradecemos a todos que nos apoiam e que, de alguma forma, fazem parte disso tudo.

Stay True, Stay Hard!



Adquira “Ten Years After” no site oficial da Classic Metal Records.


Ouça “Ten Years After” nas plataformas digitais:


Assista aos videoclipes oficiais de “Ten Years After” no YouTube:


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