Misturando o peso e a energia do rock moderno com raízes latino-americanas e uma mensagem carregada de reflexão, o Consequence of Energy surge como uma das bandas mais promissoras do momento. Formado por músicos experientes da cena chilena, o grupo prepara o lançamento de seu álbum de estreia “We Are One”, previsto para o final de 2025 ou início de 2026, e já apresenta ao público o single “Freedom”, produzido por nomes de peso da indústria musical.
Nesta entrevista exclusiva, o guitarrista Diego Sagredo falou sobre a formação da banda, a concepção de “Freedom”, o processo criativo, as influências, a importância da mensagem, e os próximos passos para levar sua música ao mundo.
Por Marcelo Vieira
Como o Consequence of Energy se formou? Houve algum momento ou visão específica que despertou a criação do projeto?
A maioria de nós já fazia parte da cena rock chilena há anos, cruzando caminhos em shows, festivais e estúdios. Cerca de dois anos atrás, o Mike [Michael Bianchi “Sirius”, vocalista] e eu começamos a nos encontrar no Los Lobos Records, em Pichilemu, inicialmente apenas para explorar algumas ideias musicais. Numa dessas noites, surgiu a semente do que se tornaria nossa primeira música, e o Rodrigo [Roli Cortes, guitarrista] gravou uma demo dela. Isso acendeu algo. Logo depois, o Amaru [López Campbell] entrou na bateria e, em seguida, o Pedro [Javier] no baixo — cada um trazendo sua energia e identidade criativa. Trabalhamos juntos em uma demo mais elaborada — que nunca lançamos, mas enviamos diretamente para o Garth Richardson [produtor]. Esse foi o início da pré-produção do nosso álbum de estreia “We Are One”, e agora finalmente estamos compartilhando as músicas que nasceram dessa jornada criativa.
“Freedom” é um cartão de visitas poderoso, tanto musical quanto liricamente. Como essa música surgiu — desde as primeiras ideias até o arranjo final?
“Freedom” nasceu tarde da noite no Los Lobos Records, apenas com uma guitarra e algum feeling. Brinquei com uma progressão simples e um groove que soava urgente, mas esperançoso, e o Mike começou a improvisar linhas vocais. O refrão surgiu quase instantaneamente — uma melodia e frase que capturavam todo o espírito da música. A partir daí, construímos a faixa passo a passo: adicionamos uma base rítmica pulsante, camadas de sintetizadores e riffs de guitarra mais pesados que deram o impacto final. A letra evoluiu para uma reflexão sobre quebrar correntes pessoais e coletivas, escrita de forma íntima, mas com apelo universal.
Nessa faixa, você tocou guitarra, sintetizadores e outros elementos. Como foi seu processo criativo pessoal? Houve algo específico que quis expressar nas partes de guitarra?
As guitarras foram construídas em torno de contrastes. Nos versos, queria que soassem tensas e quase contidas — como se segurassem uma tempestade. No refrão, elas se abrem, liberando essa energia acumulada. Com os sintetizadores, busquei criar uma camada cinematográfica que fizesse a ponte entre os momentos mais agressivos e os mais melódicos, funcionando como um respiro no meio do caos. Era sobre expressar essa tensão entre confinamento e libertação.
A música mistura heavy moderno com energia latina e uma mensagem politicamente carregada. Como chegaram a esse som e identidade? Quais foram as principais influências?
É o resultado da fusão das nossas raízes latino-americanas com uma ampla gama de influências — de Tool, Rage Against the Machine e Deftones a Audioslave e Nine Inch Nails. A energia latina não está só no ritmo; está na entrega emocional e na urgência. Não queríamos imitar um som específico, mas sim fundir a intensidade do heavy moderno com o calor, a força e a paixão de onde viemos.
O clipe de “Freedom” tem a energia de uma grande performance ao vivo. Pode contar mais sobre o conceito e a produção? Foi um show real ou criado para o vídeo?
Na verdade, existem dois clipes para “Freedom”. Um foi gravado ao vivo no Surf Festival, onde tocamos para uma plateia enorme — é cru, suado e cheio daquela conexão genuína entre banda e público. O outro é o clipe oficial, filmado no Los Lobos Records. Nesse, trabalhamos com o VJ Mitosis, que criou projeções mapeadas imersivas, narrando visualmente o conceito da música. É uma fusão de performance e arte, usando luz e imagens para refletir os temas de liberdade e despertar interior.
No material enviado à imprensa consta que “Freedom” não é uma canção de protesto, mas um espelho. Pode explicar melhor essa ideia? Qual reflexão espera provocar no ouvinte?
Não queríamos escrever uma música que apenas apontasse problemas externos. “Freedom” fala sobre olhar para dentro primeiro. O espelho representa a ideia de que a mudança real começa quando você encara a si mesmo — seus medos, suas limitações, seus padrões. É um convite para perguntar: “Do que eu preciso me libertar?” ao invés de esperar que alguém faça isso por você.
Vocês trabalharam com um time de peso nesse single — o já citado Garth Richardson, Dave Schiffman e Howie Weinberg. Como foi essa experiência e o que cada um trouxe para o resultado final?
O Garth nos incentivou a capturar as performances mais autênticas possíveis, sem buscar a perfeição a ponto de perder emoção. O Dave trouxe equilíbrio entre clareza e peso na mixagem, garantindo que cada elemento — do bumbo aos sintetizadores — tivesse seu espaço. A masterização do Howie deu coesão e potência, fazendo a música soar forte sem perder dinâmica. Estar com eles, seja presencialmente ou em chamadas, foi como trabalhar com mentores, não apenas produtores.
“Freedom” é o primeiro aperitivo do álbum “We Are One”, previsto para o final de 2025 ou início de 2026. O que os fãs podem esperar em termos de som e temas?
O álbum é uma jornada de contrastes — momentos de peso bruto e momentos de atmosfera delicada. Traz tambores tribais, cantos xamânicos, flautas cerimoniais e outros elementos orgânicos que adicionam profundidade e energia ritual ao som. Tudo isso se mistura com texturas pesadas e espaçosas do rock que estamos criando, resultando em um panorama sonoro ao mesmo tempo primal e futurista. As letras exploram unidade, transformação pessoal e a dualidade da natureza humana. Musicalmente, podem esperar riffs marcantes, grooves envolventes e camadas que revelam novos detalhes a cada audição.
O Consequence of Energy traz uma perspectiva filosófica e crítica que nem sempre está presente no rock da atualidade. Quão importante é essa abordagem para a identidade da banda?
É essencial para o que fazemos. Nossa música é o veículo, mas as ideias — as perguntas que levantamos, as perspectivas que compartilhamos — são o combustível. “We Are One” é um álbum conceitual que narra a vida em si: do despertar ao enfrentamento da morte, passando por momentos de amor, luta e transformação. É a nossa maneira de traduzir a experiência humana, com toda a sua beleza e dor, em uma jornada sonora coesa. Queremos escrever músicas que as pessoas sintam no corpo e levem na mente muito depois que a última nota acabe.
Como é ser uma banda de rock do Chile buscando presença internacional? Você sente que há uma energia ou mensagem única no heavy latino-americano hoje?
A América Latina tem uma intensidade especial. Vindo do Chile, vivemos realidades sociais e políticas que moldam nossa visão de mundo. Isso transparece na música — nem sempre como mensagens diretas, mas como um certo fogo na performance. Existe uma fome por ser ouvido e contribuir para a conversa global do rock.
Vocês se uniram à Los Lobos Records e à AWAL para distribuição, mirando o público global. Há planos para turnês ou shows fora do Chile em breve?
Com certeza. Estamos planejando shows pela América do Sul, América do Norte e Europa, além de participações em festivais. O palco é onde nossa música ganha vida plena, e queremos levar essa experiência ao maior número de pessoas possível.
Por fim, olhando para o futuro: além do lançamento do álbum, o que mais vem por aí para o Consequence of Energy? Novos singles, clipes, colaborações ou surpresas?
Temos mais singles programados, cada um com seu próprio conceito visual, e colaborações com artistas de diferentes áreas. Nosso objetivo é que o Consequence of Energy seja mais do que uma banda — queremos criar uma experiência artística completa, combinando música, imagens e energia ao vivo em algo realmente imersivo.
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