ENTREVISTA: Jason McMaster fala sobre Night Terror, o legado do Dangerous Toys e o renascimento do metal clássico

 


Jason McMaster não para. Aos 60 anos, o vocalista texano segue tão ativo quanto nos tempos de ouro do Dangerous Toys e do Watchtower — dois nomes fundamentais para entender a história do hard rock e prog metal. Agora, ele retorna em um novo capítulo ao lado do guitarrista Jack Frost (Seven Witches), dando voz ao Night Terror e ao recém-lançado EP Return of the Witches. Na entrevista a seguir, McMaster revela como o projeto nasceu quase como uma continuação espiritual do Seven Witches, comenta a mudança de nome inesperada e explica por que vê o metal dos anos 1980 como uma força emocional quase operática.

Além de mergulhar no processo criativo do Night Terror, McMaster revisita momentos marcantes de sua trajetória — do impacto duradouro do Watchtower na formação do metal progressivo às raridades do Dangerous Toys que finalmente vêm à tona na coletânea Demolition. Com bom humor e franqueza, ele fala sobre redescobrir fitas antigas, resgatar canções rejeitadas pela gravadora nos anos 90 e lidar com um legado que continua influenciando músicos ao redor do mundo. Uma conversa indispensável para fãs de metal clássico, progressivo e hard rock.


Por Marcelo Vieira


Night Terror nasceu da visão de Jack Frost de resgatar o espírito clássico do heavy metal. Quando ele apresentou a ideia a você, o que te convenceu imediatamente a entrar no projeto?

Na verdade, tudo começou como uma continuação — uma espécie de desdobramento — do legado que ele já vinha construindo com o Seven Witches. Meu amigo James Rivera, do Helstar, cantou no primeiro álbum do Seven Witches, e meu amigo Alan Tecchio cantou no segundo. Então, um dia, Jack me liga dizendo que gostaria que eu fosse a “terceira parte” desse ciclo do Seven Witches.

Não oficialmente, mas de certa forma Night Terror surge das cinzas do Seven Witches, como um novo capítulo. E eu realmente não sei por que ele decidiu mudar o nome do projeto, já que já tinha um legado, uma base de fãs e um caminho sólido com o Seven Witches. Isso acabou sendo uma surpresa para mim.

Um dia ele me liga — já depois de eu ter entregue várias faixas, talvez até todas as cinco — e isso aconteceu cerca de uma semana depois de eu finalizar meus vocais. Ele diz: “Decidi mudar o nome da banda de Seven Witches para Night Terror”.

E eu respondi: “Hmm, isso me soa familiar… mas tudo bem. Só garanta que o legado do Seven Witches não vai ser deixado de lado sem explicação. Os fãs vão sentir falta dessa conexão”. Afinal, as músicas são muito próximas do que ele já fazia no Seven Witches — é tudo parte do mesmo DNA.

Perguntei como ele manteria esse vínculo. E ele disse: “O título do EP pode se conectar ao Seven Witches”. E eu: “Ótimo. Então qual é o título?”. Ele respondeu que ainda não tinha, mas que queria manter a ligação. Eu sugeri: “Coloque pelo menos a palavra witches — algo como Return of the Witches”. Ele respondeu: “Pronto, é isso. Vou usar”. E desligou.

Foi quase uma reação imediata à decisão dele de mudar o nome do projeto. Mas está tudo bem. Já conhecia o Jack de cruzar com ele em shows ao longo dos anos. Vi ele tocar há muito tempo, quando o Savatage estava em turnê com o Fates Warning. Depois passamos a nos encontrar em festivais, fosse eu tocando ou não. E então, um dia, ele me procurou querendo que eu participasse — e começou a me enviar músicas. Acho que faz uns dois anos que trabalhamos na primeira faixa.


Para os fãs que te conhecem principalmente pelo Dangerous Toys e pelo Watchtower, o que eles podem esperar de Return of the Witches que talvez nunca tenham ouvido de você antes?

Bom, se eles não conhecem meu trabalho com o Ignitor — banda com a qual componho desde 2007 e com quem já lancei nove álbuns — aquilo é meio que um Iron Maiden mais agressivo. Ou talvez conheçam o Evil United, ou ainda os dois discos que lancei com o Howling Sycamore, que são ainda mais agressivos em alguns aspectos, além de bem mais progressivos. É mais pesado e mais técnico do que Seven Witches ou mesmo Night Terror.

Mas, se eles já estão familiarizados com meus projetos voltados ao power metal, esse EP fica mais próximo disso. Há até um pouco das texturas vocais que usei no Cassius King, que lembra bastante aqueles álbuns solo do Dio. Não estou dizendo que soa como Holy Diver, mas algumas das minhas escolhas de timbre certamente vêm desse universo. Você vai perceber isso ao ouvir: ainda é muito calcado no blues, mas também bastante power metal — às vezes até com um toque de Savatage.


O que mais te atrai nessa estética do metal oitentista?

Jeans e couro! Mas, falando sério: esse tipo de heavy metal é extremamente dramático. Mercyful Fate, Judas Priest, Alice Cooper… até o hard rock tem essa veia melodramática. Muitas vezes, é quase como a narrativa de uma ópera — cheia de morte, destruição, sofrimento, reviravoltas emocionais.

Essa intensidade que você encontra numa ópera também está em músicas do Iron Maiden, Judas Priest, Dio, e certamente no Mercyful Fate. As músicas têm picos e vales, esticam a alma, empurram tudo ao limite — seja em três minutos e meio, quatro minutos ou nove, como no caso de Mercyful Fate ou Maiden. Nós não temos músicas tão longas, mas a lógica emocional é a mesma.

E é isso que me atrai. Você mencionou “metal dos anos 1980”, mas acho que isso vale para o metal como um todo: ele conversa com uma parte muito específica do seu DNA emocional. Seja heavy metal, hard rock, rock melódico, death metal ou black metal — se você gosta desse som, é porque há algo em você que fala a mesma língua.


Existe alguma música em particular que represente perfeitamente a intenção de Jack de resgatar o heavy metal clássico?

Boa pergunta. Acho que há diferentes caminhos entre as cinco faixas. Uma delas é uma cover — “Lights Out”, do UFO — e ela combina muito bem com a vibe geral do EP, inclusive com o material original.

Gosto de pensar na pergunta também de outra forma: antes de eu escrever qualquer letra, antes de adicionar drama ou emoção às melodias vocais, como a música funciona por si só, como instrumental? A composição, o ritmo, as notas, os tempos, as mudanças de andamento — tudo isso funciona como um mapa. É a música me dizendo o que ela quer que eu faça.

E isso nunca é difícil para mim; eu entendo rapidamente o que a música pede.

Se eu tivesse que escolher uma música, Jack optou por lançar “Remedy Is in the Poison” como o primeiro single — e tudo bem, eu concordei. Talvez não fosse a minha primeira escolha; acho que “Night Terrors” ou “Dyin’ Days” seriam fortes candidatas. Mas é preciso escolher uma, certo?

Se fosse para apontar apenas uma faixa que resume tudo, na minha visão, seria “Night Terrors”.


Esse formato mais direto, com apenas seis músicas, já fazia parte do plano desde o início?

Essa é uma ótima pergunta. Quando eu e o Jack começamos a conversar sobre minha participação, eu imaginei que seria um álbum completo. Quando ele me enviou apenas seis músicas — cinco originais e “Lights Out” — fiquei esperando que chegassem mais faixas para eu começar a escrever as letras. Mas isso nunca aconteceu.

Então perguntei: “Cadê o resto das músicas? Isso é tudo? Achei que haveria mais.” E ele continuou me lembrando: “Não, é um EP. É curto. Não vai ser um álbum completo.”

Eu precisei recuar e dizer: “Ah, certo, entendi.” Eu provavelmente estava demonstrando um pouco de — não sofrimento — mas pressão, pensando: “Se for um álbum cheio, eu tenho que começar a escrever rápido”, como se eu precisasse correr atrás. Mas não, ele deixou claro desde o começo que era apenas um EP. Por algum motivo, eu continuava achando que seria um álbum longo.



Como você descreveria a química entre os integrantes da banda?

Bem, eu nunca conheci o Karl [Wilcox], o baterista, nem o Dennis [Hayes], o baixista. Mas isso é muito comum. Já gravei álbuns inteiros com outros projetos e, mesmo anos depois, ainda não conheci pessoalmente alguns dos integrantes. Acontece o tempo todo.


Há planos para shows ao vivo, festivais ou algo desse tipo?

Nós certamente consideraríamos convites, mas nenhum apareceu até agora. No momento, o projeto é apenas de estúdio. Se nos chamassem para tocar em um festival, talvez fizesse sentido — mas teríamos que nos reunir e ensaiar, e temos só cinco músicas. É um set muito curto, a menos que incluamos o cover do UFO e talvez escrevamos mais material.

Então ainda é muito cedo para dizer se apresentações ao vivo vão realmente acontecer.


Quero voltar um pouco no tempo. Muitos músicos citam o Watchtower como influência fundamental no que hoje chamamos de tech-prog moderno. Como você enxerga o legado da banda hoje?

Quando éramos muito jovens — no final da adolescência, mal completando 18 anos — tocávamos nessa banda de heavy metal chamada Watchtower. Fazíamos muitos covers, mas também tínhamos nosso próprio material. Mal sabíamos nós que aquelas músicas originais acabariam se tornando algo enorme, quase como uma hidra, e que, sem perceber, estaríamos ajudando a criar um gênero totalmente novo. Somos citados com frequência como pioneiros do metal progressivo.

Mas quando você fala “prog metal” ou “metal progressivo”, isso não descreve totalmente o que o Watchtower era. É curioso, porque começamos em maio de 1982. Naquela época, todas essas subdivisões de metal que jornalistas e críticos criaram depois simplesmente não existiam. Não havia uma caixinha onde pudessem encaixar o Watchtower.

Para dar um exemplo: quando começamos a tocar ao vivo só com material autoral — não mais apenas nas festas de quintal para amigos da escola — não podíamos simplesmente dizer “Venha ver uma banda de rock” ou “Venha ver uma banda de heavy metal”. Não era rock tradicional, não tinha pegada blueseira, não era NWOBHM, embora essas bandas tenham nos influenciado no início.

Em ’82 estavam surgindo bandas como Accept e Raven, que nós adorávamos. Fazíamos covers dos dois. Vocalmente, eu queria misturar Rob Halford e Geddy Lee com Udo Dirkschneider e John Gallagher — essa abordagem intensa e maluca que combinava com a música que estávamos escrevendo.

Então, respondendo à sua pergunta: ainda parece estranho, como se fôssemos um unicórnio. Somos citados como influência por algumas das bandas mais legais — Death, Mike Portnoy do Dream Theater, Gene Hoglan (que toca com todo mundo). Esses caras eram meus ídolos. Quando eles entraram no meu radar, seja por cartas ou pessoalmente, foi surreal.

Foi assim que conheci Alan Tecchio, Jason Newsted e outros. Eles entenderam que o Watchtower não era — e não é — para as massas. Mas a marca e o impacto que deixamos são indiscutíveis.

E agradeço por você ter feito essa pergunta.


Há uma nova coletânea de demos, Demolition, reunindo e lançando gravações dos primórdios do Dangerous Toys. Quando você revisita essas demos antigas, que memórias ou emoções voltam com mais força?

Bem, é interessante — se me permite, deixe-me explicar. Durante a pandemia, comecei um podcast, escrevi algumas músicas e digitalizei caixas e mais caixas de fitas cassete antigas e demos. Essas fitas estavam comigo havia anos, e como eu estava preso em casa, pensei: por que não fazer isso agora? Então digitalizei todas aquelas músicas que tinham sido rejeitadas pela gravadora em algum momento entre 1992 e o fim de 93, talvez começo de 94. Eram simplesmente sobras.

Antes de continuar, só para todo mundo entender: as músicas que acabaram entrando no nosso terceiro disco, Pissed (1994), foram escolhidas entre cerca de 75 demos gravadas do fim de ’91 até ’94. Tocamos mais ou menos 150 shows em 1993, e algumas das faixas que agora aparecem em Demolition já estavam no nosso setlist naquele ano — mesmo sem nunca terem ido parar em um disco de estúdio. Acho isso fascinante.

Na nossa cabeça, estávamos nos preparando para fazer um álbum — que mais tarde seria o Pissed — mas ainda não sabíamos quais músicas seriam escolhidas. Tocávamos o que parecia mais forte no momento. Quando chegava a hora de decidir, alguém dizia: “Eu gosto dessa”, outra pessoa escolhia outra, e assim elas iam entrando no repertório. Então algumas dessas músicas foram tocadas ao vivo, o que é bem legal.

Provavelmente existem vídeos velhos no YouTube, gravados com aquelas câmeras VHS enormes que as pessoas levavam para os shows no início dos anos 1990 — elas perguntavam: “Posso filmar o show?” e a gente respondia: “Claro, não ligamos.” Eu sei com certeza que uma música de Demolition que tocávamos ao vivo é “One on One (Live)”. Outra é “Rhapsody in Barbed Wire”. Então, sim, algumas realmente subiram ao palco.

Tínhamos todas essas músicas — eu as chamo de “rejeitadas” porque simplesmente nunca entraram no corte final — escritas numa época em que ainda estávamos meio que contratados pela Sony/Columbia. A rotina era quase como um emprego: íamos ao estúdio quatro ou cinco dias por semana para escrever. Ficávamos lá só algumas horas por dia, mas escrevíamos um lote de músicas, gravávamos tudo em gravadores de cassete de quatro ou oito canais, mixávamos o melhor possível e enviávamos três a cinco faixas para a gravadora. Aí ficávamos esperando o feedback: “O que vocês acham?” E eles respondiam: “Continuem escrevendo. Ainda não é isso. Continuem escrevendo.”

Isso foi ficando extremamente frustrante. Até que ligamos para o management e perguntamos: “Tem como eles simplesmente nos liberar? Podemos encerrar o contrato?” Nós acreditávamos nas músicas — praticamente tudo que foi parar em Pissed já estava escrito — mas a gravadora continuava dizendo não. Eles eram o único obstáculo para que fizéssemos tudo por conta própria e gravássemos por outra gravadora, porque ainda estávamos contratualmente presos.

Quando eles finalmente aceitaram — disseram que gostavam de nós, que nos apreciavam, e que iriam anular o contrato — aquilo foi um grande dia. Um alívio. Depois de dois anos, estávamos finalmente livres para fazer um disco. Então assinamos com uma gravadora independente, gravamos Pissed, e foi isso que aconteceu naquele meio-tempo.

Então, desse conjunto meio estranho de 50 a 75 músicas que escrevemos naquela época, é verdade que poderíamos lançar Demolition 2, 3, 4… mas isso não está nos planos, pode acreditar. Ainda assim, acho que os fãs vão gostar dessa coletânea.


Essas músicas ficaram engavetadas por muitos anos. Por que agora é o momento certo para finalmente trazê-las à tona?

Essa é uma boa pergunta. A Cleopatra agora detém as licenças de Pissed, The R*tist 4*merly Known as Dangerous Toys (1995) e do álbum ao vivo que lançamos com eles, Vitamins and Crash Helmets Tour – Greatest Hits Live (1999). Eles já fizeram relançamentos caprichados de todos esses títulos.

Como já estávamos conversando com eles, a Cleopatra ligou para o Scott, meu guitarrista, e perguntou: “O que vocês têm guardado? Músicas inéditas? Demos?” E nós respondemos: “Sim, temos demos”, e eles imediatamente manifestaram interesse em fazer algo com esse material.

Eles nos deram um pequeno orçamento, e decidimos “polir esses trapos”, sabe? Escolhemos dez músicas e tentamos fazê-las soar o melhor possível. Tenha em mente: antes de eu digitalizar tudo durante a pandemia, algumas fitas estavam péssimas — emboladas, velhas, desmagnetizadas, cheias de chiado. Fizemos a masterização da melhor forma que deu, polimos o que dava para polir, e a reação tem sido surpreendentemente positiva. Algumas pessoas até disseram: “Eu achei que fossem demos velhas — mas estão soando ótimas.” Aí eu preciso contar toda a história.

Apenas três faixas de Demolition — “Come Out Swinging”, “Rock Shock Cowboy” e “Backstreet Girl” — foram originalmente gravadas em estúdio. O resto foi feito em gravadores caseiros de quatro ou oito canais, que normalmente geram muito chiado e instabilidade. Mesmo as faixas de estúdio tinham sido transferidas para cassete, então perderam resolução; não temos rolos master de uma polegada ou meia polegada. Simplesmente não existem.

Então é por isso que agora pareceu o momento certo — já estávamos em conversa com a Cleopatra, e eles queriam saber o que tínhamos guardado. Pareceu uma boa oportunidade para vasculhar aquele monte de músicas rejeitadas, e tem sido divertido montar tudo isso.



Há algum destaque pessoal no tracklist — alguma música que você sempre sentiu que deveria ter sido lançada oficialmente?

Não, não exatamente. Encontramos muita coisa da qual nem lembrávamos — e algumas que imediatamente dissemos: “De jeito nenhum, isso nunca vai ver a luz do dia.” Tinha umas coisas constrangedoras ali.

Algumas faixas que acabaram entrando em Demolition nos fizeram hesitar: “Devemos? Não devemos? Dá mesmo para lançar isso?” Uma música em particular me surpreendeu — eu tinha completamente me esquecido dela. Mostrei para a banda, e ela acabou entrando na coletânea. É só o Scott no violão, eu cantando e uma harmonia adicional — também minha. Tecnicamente são só três canais: duas vozes e um violão. Você poderia chamá-la de balada, embora seja um pouco mais acelerada, tem um groove. Mas é basicamente apenas eu e o Scott, e ela se chama “Burning Bridges”.

Mike Watson, nosso baixista, escreveu a letra. Eu realmente gosto da música — ela é bem diferente. Quando liguei para o Mike e perguntei: “Você lembra de ‘Burning Bridges’? Vamos colocá-la no álbum de demos”, ele respondeu: “Ah, é mesmo, uau. Eu tinha esquecido.” Também precisei perguntar: “Você lembra de ter escrito isso? Você escreveu essa parte ou fui eu?” Eu honestamente não conseguia lembrar.

Ele realmente escreveu “Burning Bridges”, e eu a cantei enquanto o Scott gravou o violão. O Mike disse que lançá-la naquela época teria sido estranho porque não é a banda completa — é só uma jam acústica. Não é como “More Than Words”, do Extreme, não tem aquele clima, mas como são apenas vozes e violão, algumas pessoas poderiam achar que estávamos tentando fazer algo assim. Eu não vejo desse jeito, mas entendo por que alguém poderia pensar isso. Ainda assim, é definitivamente uma faixa que se destaca, justamente por ser tão diferente.


Eu normalmente não faço isso durante entrevistas, mas preciso te perguntar sobre uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos: “Promise the Moon”. Qual é a história por trás dela e o que a torna especial para você?

Bom, vou aproveitar a oportunidade para assumir algum crédito aqui. Essa é uma música que escrevi no meu quarto, provavelmente por volta de 1993, e que acabou, obviamente, no álbum Pissed.

A música chegou a ser gravada em um álbum country por um amigo meu, Tyler Heath. Você pode procurar por ele e ouvir a versão country de “Promise the Moon”.

Para mim, a expressão “promise the moon” (“prometer a lua”) pode representar uma mentira completa ou uma mentirinha dita para proteger os sentimentos de alguém — uma mentira protetora. Algo que você diria a uma criança: “Vai ficar tudo bem”, mesmo quando algo trágico aconteceu. Você só quer acalmar o momento.

Na música, quando pergunto “Why do they lie?” (“Por que eles mentem?”), isso toca no fato de que, durante toda a sua vida, as pessoas lhe dizem para manter o pensamento positivo, mirar nas estrelas — todas aquelas pequenas mentiras fantasiosas ditas para lhe dar coragem. Essas palavras encorajadoras viram uma espécie de armadura invisível, especialmente para jovens que talvez não tenham muita coragem por causa de trauma, abuso, pobreza, opressão — coisas que fazem alguém lutar ou fugir, mental e emocionalmente. A música aborda os dois lados desse instinto de luta ou fuga.

Muitas pessoas acham que “Promise the Moon” é sobre sonhos — como quando uma banda assina um contrato [de gravação], tudo parece promissor, e de repente tudo desmorona. Alguns acham que é sobre o grunge ter “matado” o hair metal. Mas eu não acredito que o grunge matou o hair metal — o hair metal matou o hair metal, porque as gravadoras contrataram muitas bandas terríveis. Algumas, como o Dangerous Toys, tiveram sorte de continuar juntas, se divertir, tomar boas decisões e ainda estarem comemorando 40 anos.

Para mim, a música é sobre aquilo que você acha que ela é. Então vou te perguntar — para você, é sobre o quê?


Eu consigo imaginar uma criança cantando depois de se decepcionar com os pais, amigos ou com a vida em geral. Acho que é uma música sobre amadurecer — sobre perceber que a vida nem sempre é doce.

Exatamente. Chega um momento em que você precisa criar uma casca mais grossa. Precisa entender que as decisões tomadas por você nem sempre serão da forma que você gostaria.


O Paul mencionou que o Dangerous Toys está trabalhando em um novo álbum de estúdio. Isso é verdade?

Sim — tem um novo álbum em andamento. Temos umas cinco ou seis músicas escritas, algumas já gravadas. Pretendemos escrever mais algumas, e talvez até pegar algumas bem antigas que não entraram em Demolition e retrabalhá-las.

Mas, para deixar claro: não estamos prontos. Não temos 10 ou 12 músicas gravadas ainda. Não temos data de lançamento. Mas sim, está sendo conversado. Está em andamento — mas eu não prenderia a respiração.


Para a minha última pergunta: se você pudesse voltar no tempo e dar um conselho ao Jason de 1989 — ou até de meados dos anos 1990 — qual seria?

Se eu fosse dar um conselho para mim mesmo? Uau. “Durma um pouco. Não beba isso. Não fume aquilo. Vá dormir cedo.” Nada divertido, eu sei — mas muito necessário!


Return of the Witch está em pré-venda no site da Deko Entertainment.


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