REVIEW: Vodu – “Endless Trip” (Relançamento 2021)


Vodu – “Endless Trip”

Lançado originalmente em 1989

Classic Metal Records – NAC. – 53min


Numa época em que eram comuns LPs com quatro bandas dividindo a bolacha — vide as históricas coletâneas “SP Metal” e “Warfare Noise” —, o Vodu foi o primeiro grupo brasileiro de Thrash Metal a ter o próprio disco. O ano era 1985, a gravadora era a Rock Brigade Records e o álbum era “The Final Conflict”, o primeiro dos quatro lançados antes da pausa no começo dos anos 90. 


Depois de relançar “The Final Conflict” e a dobradinha “Seeds of Destruction” (1987) e “No Way” (1988) em elegante edição em digibook, a Classic Metal Records libera “Endless Trip”, o último dos áureos tempos, remasterizado no formato jewel case. No line-up, além dos fundadores André “Pomba” Cagni (baixo) e Sergio Facci (bateria), o vocalista Cláudio C. Vicky — atualmente no Vicky Inc., ao lado do filho Christopher — e o guitarrista Victor Birner. 


Conceitual, o trabalho aborda em suas letras as diversas causas, a felicidade clandestina e as consequências desastrosas do vício em drogas. A mensagem já começa nítida na capa: um cara vestindo uma camiseta cuja estampa é uma apologia à maconha, “viajandão”, enquanto as paredes da prisão da qual se tornou interno desabam. O título pode até dizer que a viagem não tem fim, mas tem e é dos mais trágicos. Musicalmente, é um som pesado ornado com percussão, teclados e uma inventividade que raramente se ouve, sobretudo na safra oitentista, quase sempre fundamentalista demais para pisar fora do quadrado. 



Iniciados os trabalhos com a instrumental que dá nome ao disco, “Silent Pain” vem na sequência pisando no calo: “Your friends were beside you, but where are they now?”. Já “Don’t Be Used”, construída sobre a máxima “mente vazia, oficina do diabo”, inclui violão e acena a Shakespeare no hamletiano refrão: “Usar ou não usar, eis a questão, só que não”.  Na gigantesca “Waiting for Nothing”, entre muitas constatações, a de que a luta é grande, mas a derrota é certa: “Estude a vida inteira e acabe desempregado”. 


Na segunda metade do disco, uma sequência que propõe a volta por cima com os títulos autoexplicativos “The Way to Escape” e “Only You Can Help Yourself”, a derradeira, do refrão “You can, you must, you need” e dos versos que parecem um resumo das faixas anteriores; ações que levam a reações, leituras — às vezes equivocadas — que levam a constatações e urgência, pois o amanhã pode não vir. Cruel.


Nota: a tracklist impressa na arte omite a instrumental “Effects”, mas ela está lá, como introdução da música “Mortal Circus”. 


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