RESENHA: Omen – “Warning of Danger” (Relançamento 2021)


Omen – Warning of Danger”

Lançado originalmente em outubro de 1985

Worship Music / Voice Music / Rock Brigade Records – NAC. – 44min


Fãs do Omen no Brasil que colecionem CDs têm tido motivos de sobra para festejar nos últimos anos. Começou em 2019, quando a Urubuz Records lançou a edição exclusiva para o mercado sul-americano de 31 anos do álbum “Escape to Nowhere” (1988). Então veio a Nuclear Music em 2020 e acrescentou mais uma peça no quebra-cabeça ao lançar “Battle Cry” (1984) com direito a slipcase, pôster e bonus track. Agora, em 2021, Worship Music, Voice Music e Rock Brigade Records se juntam para completar a fase clássica do grupo pioneiro do power metal, também com slipcase, pôster e bonus track.


Lançado em outubro de 1985, “Warning of Danger” foi o primeiro contato de muitos headbangers do Brasil com o Omen graças ao LP à época distribuído pelo selo Young. A capa que traz a víbora olhos de rubi da música “Ruby Eyes (of the Serpent)” se tornou tão icônica quanto a de “Wild Dogs” (1982) do The Rods e “Forward Into Battle” (1985) do English Dogs; para ficarmos somente naquelas que trazem animais, fantásticos ou não, na arte. O som trovejante é cortesia da cozinha formada por Jody Henry e Steve Wittig, dupla que parece levar a sério a máxima “se quer que soe mais alto, toque com mais força” atribuída ao lendário produtor britânico Glyn Johns.



Embora baixo e bateria se projetem de modo a receberem destaque imediato, os grandes arquitetos por trás de “Warning of Danger” são o guitarrista Kenny Powell e o saudoso vocalista J.D. Kimball (morto em 2003). O primeiro é presença garantida nas listas de músicos subestimados do metal; aqueles cujo alcance da obra jamais acompanhou a extensão do talento. O segundo, além de letrista de mão cheia, priorizava um rugido primitivo, quase bárbaro, numa época em que cantos mais inclinados ao operístico começaram a tomar conta do metal e era dotado de uma capacidade interpretativa rara, provavelmente herdada de cantores dos anos 70 que desempenhavam a jornada dupla de narrador em álbuns conceituais.


Não que “Warning of Danger” ou qualquer outro disco do Omen possa ser classificado de tal forma, mas a gama de fios condutores temáticos é majoritariamente limitada à guerra (citando um “guerreiro do metal”, “March On” não faria feio no repertório do Manowar), fantasia (“Make Me Your King” é um pedido do rei Artur a seu conselheiro, o mago Merlin) e fim do mundo (a derradeira “Hell’s Gate” é quase que o Apocalipse musicado, com direito a lagos de fogo, o filho de Deus como um caçador de demônios e Lúcifer em pessoa). 



Em “Termination” (precedida pela instrumental “Premonition”), a inspiração vem do universo de “O Exterminador do Futuro”, sucesso de bilheteria do ano anterior. A letra assinada por Powell e Kimball descreve o futuro de máquinas programadas para matar e faz menção até a Sarah Connor, mulher cujo sangue deve ser derramado. E com a Guerra Fria em andamento e a Cortina de Ferro ainda erguida, a dupla se une a Henry e dedica “Red Horizon” ao povo polonês num misto de solidariedade e posicionamento político. “Eles tentam isolar vocês e extirpar de vocês a dignidade”, diz o verso de abertura. Mais adiante, um conselho: “Chegou a hora de agir”. No fim das contas, deu certo: no dia 4 de junho de 1989, a Polônia se libertava do socialismo.


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