RESENHA: Satan – “Early Rituals” (2020)


Satan – “Early Rituals”

Lançado em 25 de setembro de 2020

Hellion Records Brazil – NAC. – 1h5min


Embora seu nome tenha se tornado sinônimo do Satan, Brian Ross não participou da formação do grupo, um dos pioneiros da New Wave of British Heavy Metal, em 1979. Também não esteve presente quando da retomada das atividades em 1985 após a breve fase Blind Fury. Curioso é o fato de que justamente na ausência de Ross, reserva moral do metal britânico, a banda tenha gravado alguns de seus trabalhos mais “true”. 


Nos quatro anos que antecedem o cultuado álbum de estreia “Court in the Act” (1983), cinco outros vocalistas fizeram parte do Satan. E são registros com dois deles — Trevor Robinson e o mesmo Ian “Swifty” Swift do Avenger e do Atomkraft — que compõem o grosso de “Early Rituals”, recentemente lançado no Brasil pela Hellion Records.



Não que o material oriundo das demos “The First Demo” (1981) e “Into the Fire” (1982) seja cem por cento inédito. Dez anos atrás, essas mesmas músicas foram lançadas na compilação “The Early Demos” da Death Rider Records. O que muda é o terço final: no lugar de bônus ao vivo, as quatro faixas da “Dirt Demo ‘86” (1986) com o vocalista Michael Jackson, que, retrabalhadas, se tornariam o EP “Into the Future” mais tarde naquele ano.


“The rich must die”, canta Trevor, todo Robin Hood, em “Heads Will Roll”, num ataque aos monarcas e aristocratas típico das bandas da NWOBHM. O vocal lembra o de Stephen Pearcy, do Ratt, embora tal intercâmbio fosse impossível e impensável em 1981. Pouco mais à frente, “The Executioner” retoma a temática da decapitação pela descrição de um carrasco “masked in black”, “armed with an axe” e que, principalmente, “never thinks twice”; culpado ou inocente, “the axe falls... chop!”


Um arranjo mais elaborado, com direito a fraseados rápidos em duas guitarras, sinaliza a evolução da banda na demo de 1982. A qualidade da gravação melhora consideravelmente e “Swifty” mostra-se um vocalista com mais recursos, sobretudo no manifesto antiguerra (e senhores da guerra) “Into the Fire / Trial By Fire”; dá para sentir a pele arder quando ele arremata o refrão cantando “From out of the sky / Feel the radiation burn” e sua ira ao apontar o dedo para generais de dez estrelas que ficam atrás da mesa com o cu na mão constatando que “The men of power have nothing to fear / When their fingers hits the switch they’re far away from here”.



Nota-se também na demo de 1982 — faixas 5 a 10 do CD — que além de as letras terem adquirido maior caráter narrativo — “Break Free” e “Pull the Trigger” parecem dois capítulos de uma mesma novela de fuga e reencontro —, as passagens instrumentais também se prolongaram, vide “No Turning Back” soar como se tivesse nascido de uma jam session. 


A quadra final começa com o pé no acelerador. “Key to Oblivion” — nos versos, uma crítica às “super nations” que “play for domination” — é talvez a melhor de todo o repertório. Se bem que a concorrência vinda de “Hear Evil, See Evil, Speak Evil” (que refrão!) e “The Ice Man” (quando você menos esperar, estará cantando o “Like lightning!” da letra mentalmente) é forte. Na dúvida, melhor nem tentar escolher qual a mais legal.


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