RESENHA: Tokyo Blade – “Ain’t Misbehavin’......” (Relançamento 2021)



Tokyo Blade – “Ain’t Misbehavin’......”

Lançado originalmente em 1987

Classic Metal Records – NAC. – 35min


Em entrevista a Ricardo Batalha publicada no site da Roadie Crew, Andy Boulton revelou ter vergonha e arrependimento em relação a alguns álbuns do Tokyo Blade. Embora não tenha dito com todas as letras, basta conhecer a discografia da banda para concluir que o guitarrista estava se referindo especificamente a “Black Hearts and Jaded Spades” (1985) e “Ain’t Misbehavin......” (1987), os dois experimentos hard rock comercial dos outrora puristas da New Wave of British Heavy Metal.


Não que flertes com o hard fossem totalmente inéditos: em “Night of the Blade” (1984), para muitos o clássico supremo, eles estão lá, em alguns dos refrões mais legais já feitos pelos britânicos. Mas na dobradinha em questão – sobretudo no segundo, que acaba de ganhar edição nacional pela Classic Metal Records –, a farofa assume, para desespero dos “true”, uma dianteira perigosa.


A banda se sai bem, mas falta verdade na proposta. O vocalista Peter Zito, também coautor do grosso do material, tenta a todo custo soar como Don Dokken, e os companheiros Chris Stover (baixo) e Alex Lee (bateria) embarcam na piração: “Heartbreaker” é uma xerox de “Unchain the Night”. Já “Hot for Love” mostra que neste álbum Boulton mirou em George Lynch tanto no fraseado quanto na timbragem.



Se em matéria de forma, a competência é inquestionável, em conteúdo faltam argumentos para a defesa. Letras que não condizem com músicos na casa dos trinta anos, com quase uma década de bagagem e vivência no “ground” mais “under” da cena que revelou o Iron Maiden ao mundo. Que o digam a supracitada “Hot for Love” e “Movie Star”, cuja temática hollywoodiana é similar à que o Van Halen soube explorar com perícia em “I’ll Wait”.


Ao tentarem tomar para si realidades que não lhes pertencia, Boulton e os outros se atiraram na vala das más ideias e relegaram o quarto álbum do Tokyo Blade ao desconfortável posto de ovelha negra da família que ostenta até hoje, passadas três décadas e meia de seu lançamento. Ainda assim, consegue ser melhor que muita coisa cem por cento original e digno de espaço na sua coleção. 


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