RESENHA: Thor - Only the Strong (Relançamento 2021)



Thor - Only the Strong

Lançado originalmente em 1º de abril de 1985

Hellion Records – NAC. – 76min


Nos anos 1970, o jovem Jon Mikl era movido por duas paixões. A primeira delas, o fisiculturismo, o levou a se tornar o primeiro canadense a vencer o Mr. America, posteriormente faturando também o Mister Universo. Acumulou mais de 40 títulos no esporte, alguns dos quais em cima de competidores como Arnold Schwarzenegger e Lou Ferrigno.


Paralelo a isso, Mikl investiu na carreira musical, pulando de banda em banda até finalmente se estabelecer com aquela nomeada a partir de seu apelido, Thor. Contrato assinado com a MCA Records, lançou “Keep the Dogs Away” (1977), que vendeu 50 mil cópias no Canadá, mas no ano de “Rumours” (Fleetwood Mac) e “Bat Out of Hell” (Meat Loaf), passou batido nos Estados Unidos. Sem tempo nem dinheiro a perder, a gravadora optou pela rescisão, entregando Jon à própria sorte.



Das pedras no caminho, Thor ergueu seu castelo, e assim vem fazendo até hoje, lançando um disco após o outro, sempre de maneira independente ou quase. E foi nesse esquema de autofinanciamento que, em 1985, lançou aquele que permanece seu trabalho mais celebrado e que a Hellion Records, numa sacada de mestre, disponibiliza no Brasil em edição de gente grande.


Tudo em “Only the Strong” acena para a estética do exagero que pautava o hard e metal de três décadas e meia atrás. A linha é tênue entre o espalhafatoso e a vergonha alheia, seja no penteado à He-Man, seja na indumentária de couro cravejada de rebites, ou mesmo na performance de palco, que incluía presepadas como o vocalista entortando barras de ferro ou enchendo bolsas de água quente até que estourassem.


Do ponto de vista musical, tem-se o puro suco do heavy tradicional oitentista, com todos os seus prós e contras. Ou seja, a diversão é garantida não obstante o caráter ginasiano das letras e o fato de todas as faixas parecerem ter saído de um mesmo molde. Mesmo quando a ideia é “falar difícil”, talvez para mostrar domínio no assunto mitologia nórdica, os versos assinados por Jon acabam não soando muito diferente daquilo que Joey DeMaio escrevia à frente do Manowar.



Destacam-se no repertório as suplementações de testosterona “Let the Blood Run Red”, “When Gods Collide” e, obviamente, “Thunder on the Tundra”, o sing-along supremo e um dos hinos secretos do metal dos anos 1980. E como se as onze faixas do LP não fossem o bastante, tome aqui dez bonus tracks: quatro cortes da trilha sonora do terror cult “Entrada para o Inferno” (1987), estrelado pelo próprio Thor; cinco demos escolhidas a dedo (1981-1986) e duas versões ao vivo extraídas do show “Live in England” (1984). 


A presente edição da Hellion vem em formato digipak de quatro painéis com encarte e pôster. Inclui ainda um DVD cujo maior e único problema é não possuir nem menu nem a opção de mudar para a faixa seguinte. Tirando isso, é um documento histórico e indispensável de como o Thor fazia shows dignos de arenas em casas com capacidade para algumas centenas de pessoas.


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