RESENHA: Martyr – “Planet Metalhead” (2022)


Martyr – “Planet Metalhead”

Lançado em 24 de fevereiro de 2022

Classic Metal Records – NAC. – 50min


Nos anos 80, o Martyr foi um achado da gravadora Metal Blade Records, que, sacando o potencial dos holandeses, tratou de incluir a faixa “En Masse (Stand or Die)” na coletânea “Metal Massacre VI” (1985) ao lado de Possessed, Dark Angel e outros. No mesmo ano, o LP de estreia “For the Universe” mostrou que o grupo possuía uma sofisticação incomum a seus pares, mas que não foi o suficiente para projetá-lo além do círculo cult ao qual permanece restrito até os dias de hoje. Não obstante sua obra não seja das mais extensas, lhe abriu portas: já foi banda de abertura de pesos-pesados como Saxon, Lizzy Borden e Iced Earth, além de ter realizado três turnês pelo Japão.



Em “Planet Metalhead”, distribuído no Brasil pela Classic Metal Records, o objetivo é nítido: tentar cativar a molecada que ouve Trivium sem correr o risco de desapontar a velha guarda dos coletes repletos de patches que brada aos quatro ventos que começou a ouvir metal quando o vocalista do Iron Maiden era o Paul Mario Day. Sem saber que era impossível, o Martyr foi lá e fez: o CD traz uma espécie de modernidade sob demanda que não raramente fica restrita às timbragens e aos detalhes. Estrutural e tematicamente, o heavy tradicional prevalece, mas sem que o ouvinte seja levado a concluir que já ouviu tudo aquilo antes e mais bem-feito.


Passada a impiedosa quadra inicial na qual estão presentes os singles “Raise Your Horns, Unite!” e “Fire of Rebellions”, “No Time for Goodbyes” serve de palco para o vocalista Robert van Haren entregar sua interpretação mais emotiva — talvez empatada com a derradeira “Wings in a Darkened Soul”. Com quase sete minutos de duração, a climática faixa soa como um tributo ao Queensrÿche dos tempos de “Operation: Mindcrime” (1988), inclusive nos solos de guitarra em harmonia da dupla Rick Bouwman e Geoffrey Maas.



Em “La Diabla” quem rouba a cena é o batera Rick Valcon, dono de mãos de porrete e pernas incansáveis. Novamente, Bouwman e Mass entregam guitarras de cair o queixo, mas Van Haren acaba por confirmar a suspeita de que, por mais que tente, não se sai bem em tons mais altos, soando quase caricato quando apela para os falsetes. Em “Diary of a Sinner” ele parece encontrar um meio-termo e solta seu melhor grito em todo o álbum, mas a semelhança da faixa com “Sinner”, do Judas Priest, é tanta que ofusca qualquer mérito individual — tanto que quando “Church of Steel”, a penúltima do repertório, irrompe nos alto-falantes, demora até que consigamos sair do transe provocado pelo déjà vu auditivo.



Gostou? Compre o CD aqui!


Comentários