ENTREVISTA: Markus Grosskopf festeja e comenta atual fase do Helloween

 


A resistência power metal brazuca tem motivos de sobra para estar em polvorosa na semana que se inicia. Dentro de poucos dias, Helloween e Hammerfall desembarcam no país para três shows: dia 6 em Ribeirão Preto e dias 8 e 9, no Espaço das Américas, em São Paulo.

Para entender se a expectativa é unilateral — spoiler: não é —, bati um papo com Markus Grosskopf, o baixista do Helloween e um dos sujeitos mais gente-fina que existem. Na pauta, o ainda muito festejado álbum Helloween (2021), que marcou o início de uma nova fase para a banda, e uma pincelada no tempo em que ele tocava baixo em músicas de três acordes somente.

Boa leitura!


Transcrição: Leonardo Bondioli

Fotos: Divulgação


Um ano se passou desde o lançamento do álbum Helloween e as pessoas continuam falando sobre ele, sobre o quão bom ele é. Para você, qual é a principal qualidade dele? O que o torna tão especial?

Foi o fato de termos cooperado, todos juntos em estúdio, atentos a cada detalhe, e nos esmerado ao máximo. Foi um longo e árduo caminho até chegarmos a este disco; muito tempo compondo, muito tempo gravando, muitas conversas, muitas ideias sendo desenvolvidas ou descartadas. Mas, no fim das contas, tudo valeu a pena. Acho que o esforço coletivo é o que dá a esse disco tamanha qualidade.


E como o público está respondendo às novas músicas ao vivo?

Não estamos tocando muitas delas, apenas três [N.E.: “Best Time”, “Mass Pollution” e “Skyfall”] e a resposta tem sido ótima. Sabemos que os fãs vão ao show querendo ouvir “Future World”, “Dr. Stein” e “I Want Out”, mas estamos abrindo com “Skyfall” e eles têm ido à loucura. É realmente incrível.


A sua única composição no álbum foi “Indestructible”. Gostaria que você me contasse a origem dessa música. É verdade que o riff principal surgiu por acaso?

Bem, eu geralmente tenho ideias para as músicas durante as passagens de som. Quando comecei a gravar minhas demos em casa, enquanto testava o som da guitarra, recordei esse riff e não achei nada mau. Fiquei um tempo brincando com ele, experimentando variações etc. Mas então, no fim das contas, lá estava eu compondo em cima daquele mesmo riff surgido numa passagem de som! [Risos.] Acho que isso faz parte de compor, né? Às vezes a ideia se insinua para você e você pensa: “bem, por que não?”.



Na minha entrevista com Michael Weikath, ele disse que a letra de “Indestructible” tem um caráter autobiográfico. Você concorda?

Sim, toda a ideia surgiu quando estávamos em turnê, a última turnê, a que terminamos dois anos atrás, e me fez pensar. Você pode fazer o que quiser e se sentir indestrutível, e porque nos sentimos tão bem, porque tudo correu tão bem [na turnê], isso nos fez sentir indestrutíveis, não obstante a pandemia tenha vindo em nosso encalço. Se você tenta fazer algo juntos e tenta ser uma grande família, todos ajudando uns aos outros, também se sente indestrutível. Viajando pelo mundo, aonde quer que vocês vão, onde quer que estejam, o que quer que aconteça, vocês se sentem indestrutíveis apenas por ficar juntos.


Falando em se sentir indestrutível, eu quero saber sobre a sobrevivência do Helloween em longo prazo. Na sua opinião, a banda aprendeu a funcionar como um septeto?

Bem, você aprende aqui e ali, mas ainda assim comete muitos erros. Não há receita para a longevidade. Sempre haverá pedras no meio do caminho e você tem que saber antecipar as tempestades e estar disposto a lidar com situações do tipo. 

No fim das contas, tudo se resolve com uma boa conversa. Situações ruins sempre virão ao seu encontro, durante toda a sua vida, esteja você numa banda ou não, e você tem que ser capaz de resolver os problemas. Se você é casado, tem que conversar com seu parceiro conversando quando as dificuldades chegarem. O segredo é sentar, conversar e tentar resolver as coisas em vez de escondê-las ou omiti-las, porque isso as tornam ainda piores. 

O que você chama de “sobrevivência” eu encaro como um processo normal; você aprende conforme vive. Sente-se, converse e tente resolver o problema, não importa quão grande ele seja, e no caso dessa banda, você tem várias pessoas com ideias muito, muito boas sobre como resolver os problemas. Essa é uma das vantagens de estar em uma banda; você é como o jogador de uma equipe.


Dito isso, os fãs podem manter a fé de que esse espírito de equipe vai durar para sempre?

É como diz o ditado: “Que seja eterno enquanto dure”. Você nunca sabe o que vai acontecer amanhã, no ano que vem, ou quando seremos pegos de surpresa por outra pandemia. Enquanto formos capazes de produzir boa música, sair em turnês pelo mundo e preservar o ambiente amigável e alto-astral, vamos fazer isso, porque é nossa missão proporcionar o bem-estar aos nossos fãs. Este é o principal trabalho de uma banda de rock: sair por aí proporcionando o bem-estar para as pessoas, ainda mais o Helloween. Estamos tentando transportar sentimentos muito positivos porque somos assim.



De todas as músicas que você escreveu para o Helloween até agora, qual é a sua favorita?

Não sei dizer, depende do meu humor, mas provavelmente seria “Eagle Fly Free” porque representa a banda da maneira mais “Helloweenesca”, creio eu.


Poucas pessoas sabem, mas você começou como baixista de punk rock.

Aham!


Como aconteceu essa transição para o heavy metal?

Punk e metal são bem próximos, né? Mas também sou muito fã de rockabilly e rock and roll. Stray Cats, Chuck Berry, Elvis [Presley] e por aí vai. Mas quando comecei a tocar, comecei tocando punk rock. Daí fui para o AC/DC e, então, fui me aprimorando. O punk não é o estilo mais desafiador de tocar, mas ainda é muito legal. É até hoje uma paixão para mim.



Citando novamente a entrevista com o Michael, ele disse que o show no Rock in Rio em 2019 foi um dos pontos mais altos da carreira do Helloween. O que você tem a dizer sobre aquela noite em particular?

Foi ótima! Éramos nós e o Iron Maiden e todo mundo estava se divertindo. Foi incrível, cada segundo, e é uma das coisas que nunca esquecerei em minha vida.


O que torna o público brasileiro tão único e especial?

O público sabe cantar todas as músicas, mesmo as menos conhecidas! Todos fazem o maior barulho mesmo antes de você subir ao palco; você os ouve cantando as músicas, chamando você para o palco. E isso é de arrepiar até o último fio de cabelo! [Risos.] Eu amo essa sensação.


O retorno do Helloween ao Brasil já tem data e hora marcada. O que podemos esperar e qual é a sua mensagem para quem vai assistir ao show?

A normalidade está de volta, o rock and roll também, e estaremos aí para mostrar isso para vocês. Depois de anos sem rock and roll, espero que muitos estejam lá conosco! Vamos tomar umas cervejas e nos divertir como nunca! Será um grande show e uma celebração à vida que podemos agora viver novamente!




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