Lançado originalmente em 1972
Classic Metal Records / Voice Music / Rock Brigade Records – NAC. – 38min (CD1) 1h3min (CD2) 1h14min (CD3)
“Quando você ouve este álbum, tem dificuldade em compreender por que a banda nunca se tornou uma das maiores de sua época”, escreve Malcolm Dome no texto do encarte da edição tripla de “You Are the Music – We’re Just the Band” que acaba de ser lançada no Brasil pela trinca Classic Metal Records / Voice Music / Rock Brigade Records. De fato, Glenn Hughes (baixo e vocais), Mel Galley (guitarra) e Dave Holland (bateria) estavam com tudo, e o terceiro álbum do Trapeze é o atestado de um núcleo cuja coesão se deu na estrada.
Embora inglês, o trio concentrava seus esforços no mercado norte-americano, e por boa parte dos três anos que permaneceu junto, tocou de ponta a outra dos Estados Unidos, seja em clubes como o Whisky em Los Angeles, seja em anfiteatros como o Shell em Memphis, que aparece na foto da capa; curiosamente, mesmo palco em que Elvis Presley fez sua estreia, no dia 30 de julho de 1954. Do vínculo estabelecido com o público estadunidense vem o título do álbum, uma homenagem à via de mão dupla que é a relação artista-fã.
No repertório, desenvolvido a partir dos clichês do hard rock, alguns acréscimos campeões e dignos de menção, como o funk e a soul music, de onde Hughes pega emprestado o baixo groovado que lhe renderia o convite irrecusável para se juntar ao Deep Purple. Ainda que Galley e Holland fossem músicos do mais alto gabarito — vide suas trajetórias posteriores ao Trapeze, que incluem Whitesnake e Phenomena para o guitarrista e uma década de Judas Priest para o baterista —, a peça central era o “cantor extraordinariamente talentoso e, claro, um baixista destruidor”, segundo David Coverdale, cujas primeiras impressões do futuro colega foram tiradas de “You Are the Music”.
“Keepin’ Time” inicia os trabalhos com um protótipo de bumbo (ou pedal) duplo e uma simplicidade que remete à Pangeia do rock pesado. Na sequência, “Coast to Coast”, que Hughes regravaria com Pat Thrall no álbum “Hughes/Thrall” (1982), é um convite à reparação e uma declaração de amor à estrada. Mais adiante, “Will Our Love End” soa como uma irmã gêmea não intencional. Curiosamente, as duas baladas incluem participações especiais: B.J. Cole (steel guitar) e Rod Argent (piano) na primeira e Frank Ricotti (vibrafone) e Jimmy Hastings (saxofone) na segunda.
Em “Feelin’ So Much Better Now” e “Loser” ouve-se o registro agudo que marcaria a passagem de Hughes pelo Purple. Já “What is a Woman’s Role”, “Way Back to the Bone” — que daria nome à compilação do Trapeze lançada em 1986 — e principalmente a faixa-título servem como experimentos para a sonoridade plural de álbuns como “Stormbringer” (1974) e “Come Taste the Band” (1975). Nelas, o baixo assume a dianteira e, juntamente com uma bateria que é puro suingue — o extremo oposto do que Holland exibiria no Priest —, proporciona momentos dançantes e pesados.
Talvez o grande mérito do terceiro e derradeiro álbum do Trapeze seja a fidelidade com a qual reproduz a atmosfera da banda no palco. A título de comparação, a presente edição tripla de “You Are the Music” inclui dois CDs de bonus tracks nos quais verificam-se, em primeiro lugar, que independentemente do público presente, os três tocavam como que para um estádio lotado, e também como, movidos a garrafas Cold Duck, convertiam seu set em plataformas para a improvisação, estendendo as músicas em jams que são o puro êxtase roqueiro. Ah, e as duas peças finais da trajetória do grupo, as faixas “Good Love” e “Dat’s It” — lançadas originalmente na coletânea “The Final Swing” (1974) —, também marcam presença. Imperdível.
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trabalho maravilhoso de relançamento no Brasil pela trinca Classic Metal Records / Voice Music / Rock Brigade Records, parabéns e muito obrigado, vcs mantém a musica como arte viva em tempos obscuros de streamings e musica biodegradável
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