RESENHA: Carl Sentance – “Electric Eye” (2021)

 


Carl Sentance – “Electric Eye”

Lançado em 19 de novembro de 2021

Shinigami Records / Valhall Music – NAC. – 42min


Eis o mais novo sócio do clube dos sem férias. Embora esteja “no corre” desde o comecinho dos anos 1980, tendo sido vocalista de nomes cult da New Wave of British Heavy Metal — a saber, Persian Risk, Tredegar e, por um curto período, Tokyo Blade —, Carl Sentance nunca produziu material de tão grande alcance como nos últimos anos. Isso porque em 2015 foi recrutado para assumir os vocais no Nazareth, e enquanto membro do veterano grupo de hard rock gravou dois discos até o momento: “Tattooed on My Brain” (2018) e “Surviving the Law” (2022).


Valendo-se de tal evidência e lançando mão de um bom contato feito ao longo dos anos, o cantor galês de 61 anos apresenta “Electric Eye” — nenhuma relação com o hino do Judas Priest —, seu segundo álbum solo, distribuído no Brasil por meio da parceria entre Shinigami Records e Valhall Music. 



Aqui, Sentance se junta a Jay Banks (guitarra), Wayne Banks (baixo) e Bob Richards (bateria) para um rock sem firulas cujos elementos surpresas ficam a cargo de Don Airey, do Deep Purple, fazendo os teclados em quatro das dez faixas, e do italiano Dario Mollo — líder do Crossbones, que também traz Carl na formação — adicionando mais uma guitarra a “Exile”.


Por “sem firulas” entenda um som que não visa ao exibicionismo nem à imortalidade; não pretende ser um clássico nem quer ser visto como um. Trata-se, sim, de um álbum bom de ouvir, composto de músicas que funcionam tanto dentro do contexto como fora dele e cujas letras foram construídas sobre um léxico admiravelmente limitado para um sexagenário.


Dito isso, de um lado temos “Judas”, um declare-guerra aos poderosos que é mais interessante na teoria do que na prática, e do outro temos a faixa-título, que apavora para o bem do ponto de vista musical e para o mal quando a ouvimos acompanhando a letra no encarte. 



Se na já citada “Exile”, o interlocutor é um Deus a quem se pede clemência, em “If This Is Heaven”, o tom de promessa é direcionado a uma mulher que “turn my darkness into light”. Portanto, medalha de ouro em narrativa para “Battlecry”, que evoca as tão certeiras e atemporais imagens de guerra sob a ótica de um combatente. 


Por fim, vale acrescentar que em “Alright” temos não somente o melhor refrão do disco, mas também um dos melhores de 2022. O esmero que faltou no projeto gráfico — lembra do meme “Eu tenho um sobrinho que faz isso pra mim de graça”? — transbordou na faixa em questão e em seu videoclipe. Reiterando: bom álbum. 


Adquira “Electric Eye” no site da Shinigami Records.


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